Zona de Impacto - ISSN 1982-9108 ANO 13 Vol. 1 - 2011 - Janeiro/Junho
Olhar do professor diante do texto do aluno[1]
As variedades linguísticas trazidas
pelo aluno são desconsideradas em detrimento a um ensino monológico, um fazer
pedagógico com insucessos, em que o professor detém o saber e o aluno é visto
como sujeito assujeitado. Ao lado de tais considerações,
podemos ver que o espaço do conhecimento do professor, sua formação acadêmica e
seu envolvimento com o processo ensino-aprendizagem, estão tomados de uma concepção
de linguagem purista e idealizada incluindo a sua experiência concreta.
Acreditando estarem desenvolvendo um trabalho eficiente e contemplativo, porque
julgam serem possuidores de informações, de conhecimentos que satisfazem a uma
camada social, tais profissionais caminham satisfazendo aos anseios de um grupo
social privilegiado (dominante) em que a língua é usada como objeto de opressão
e discriminação social. A abordagem desse tema se
justifica, pois, pela necessidade de levantar as causas prováveis que
contribuem para um fazer pedagógico cheio de insucessos em que alunos se
angustiam diante de aulas de leitura e produção de textos cujos professores
repetem, como rituais, temas descontextualizados da vida e da realidade deles. Para explicar essa prática em que o
professor acredita contribuir para a ascensão social de seus alunos, surgem
questionamentos como esses: quais são os caminhos trilhados por esses
professores? Como o professor vê o texto do seu aluno? O que eles acreditam ser
ensinar Língua Portuguesa? As diferentes maneiras de ver o texto, dentre
outros. Pretendo, com esse trabalho, deixar
uma contribuição acerca de questões pertinentes à prática de produção de texto
na escola, a importância atribuída à leitura-prazer dentro da escola pública
bem como a importância dada à produção e criação textual.
Esta prática pedagógica é perigosa
e porque não dizer nociva para o fazer linguístico. Em nossas escolas o aluno
não sente prazer em escrever, pois ele já sabe quem será o leitor de seus
textos e quais os objetivos que o seu leitor espera alcançar. Consciente disso
o aluno deixa morrer sua espontaneidade, suas verdades e, sobretudo, sua criatividade
em detrimento a uma insegurança gramatical principalmente. Ao deparar com um texto escolar, o
professor atua como caçador de desvios normativos. O resultado dessa prática
são textos rabiscados (coloridos) apontando para toda a natureza gramatical,
ortográfica e fonológica. O que menos lhe interessa é o sentido do texto, o que
está por trás daquele emaranhado de palavras; a significação textual. O que
para o aluno seria essencial, vai sendo mortificado à medida que ele escreve
para ser avaliado como bom ou mau conhecedor das regras que regem uma linguagem
idealizada, reacionária, purista, por isso mesmo morta. A língua é dinâmica, e
é esse dinamismo que faz com que ela seja viva, variável e solta das amarras
normativas tradicionais. A riqueza das variedades dialetais nos aponta para uma
flexibilidade vocabular. Tendo conhecimento de qual é o olhar docente o aluno
começa a hipocrizar seus textos a burlar sua consciência criadora para não
contradizer a ideologia professoral. O mais triste de tudo isso é que a
maioria desses professores acreditam estar contribuindo para o crescimento
acadêmico desse aluno. A Escola: Crescimento ou Alienação?
A escola pública ocupa um lugar de
destaque para a formação de cidadãos. Esta, por sua natureza contraditória, se
coloca a serviço dos interesses de uma classe dominante quando carrega, em seu
bojo, uma ideologia e defende uma concepção de mundo. O professor atuante nessa escola
subjaz um direcionamento político social que reflete em sua prática em sala de
aula. SILVA JÚNIOR nos mostra que o poder social e político atinge também as
instituições escolares do país levando os nossos professores a agirem conforme
regras sociais ditadas pelo poder: No
plano dos critérios e dos valores que norteiam a organização social
propriamente dita, é notória a absorção plena no Brasil de hoje das regras de
poder e de comportamento determinados pela expansão e conceituação do capital.
Tais regras, obviamente, se refletem na organização e no funcionamento das
instituições escolares do país. (1993: 26) O sistema educacional brasileiro
atribui ao professor a responsabilidade de divulgações de valores sociais como
formar e informar a criança para o exercício pleno da cidadania. Nesse tipo de
prática, que papel ocupa a linguagem? Como formar uma criança para conviver em
uma sociedade desconhecida por ela e por seus familiares? Sabemos que a
desigualdade social é refletida e, sobretudo, detectada na linguagem trazida
por essa criança. De que maneira essas crianças poderão corresponder a um
modelo que a elas não dizem respeito? Sobre isso ALMEIDA diz: Viemos de uma escola em que a
tradição, o conservadorismo linguístico é “status” para a instituição. O aluno
só sabe comunicar perfeitamente se fizer uso da norma culta da língua. Para a
sociedade é inconcebível que um professor de língua portuguesa não domine todas
as suas regras e exceções que estão contida na gramática normativa. Estando consciente dessa realidade
e possuindo uma formação purista dogmática com relação à língua, o professor
sente necessidade e, por que não dizer, obrigação em transmitir o saber que a
ele foi concebido. Temos claro que tais professores desconhecem a sociolinguística
e, mais ainda, que o sistema não valoriza essa ciência; tanto é que nos
currículos de formação do magistério não existe essa disciplina. Observe a grade curricular do curso
de magistério do nosso Estado. Com o desconhecimento sociolinguístico
como o professor poderá entender as variedades dialetais trazidas por seu
aluno? E se não as conhece, não as entende
e, consequentemente, as desconsideram. Vejo que a formação de professores
no curso do magistério está desde a sua implantação até os dias atuais
incompleta, deficiente. Incompleta por faltar o conhecimento para a compreensão
de uma visão social da língua; deficiente ou equivocada, por dissociar a
literatura do ensino de língua portuguesa. Como o sistema educacional pode
pecar tanto! Não será a literatura a forma mais dinâmica da língua portuguesa? Atentos para essas distinções, os linguistas
se perguntam mesmo o que é ensinar o português. Por outro lado, muitos
professores, inconformados com o bizantinismo dos programas oficiais têm
tentado superar, na prática, a dicotomia língua/literatura. De que maneira essa
prática vem acontecendo? Nas aulas de leitura e produção de texto. Nessas aulas,
o aluno assume uma prática crítica e, assumindo tal postura, cria, recria e,
sobretudo, atua como sujeito do discurso. Lígia Chiappini nos mostra que
realmente essa dissociação de língua e literatura, essa dicotomia não é
procedente, e que há uma preocupação em torno desse assunto para que equívocos
dessa natureza venham a ser corrigidos: Nos
últimos vinte anos, com o aprofundamento dos estudos de lingüística e de teoria
literária, tem ficado cada vez mais claro que o material com que trabalha a
literatura é fundamentalmente a palavra e que, portanto, estudar literatura
significa também estudar língua e vice-versa. (Chiappini apud GERALDI, 1997: 18) A literatura é a mais autêntica forma de estudar a
língua, pois não se concebe estudar nenhum texto descontextualizado da palavra
que representa o sujeito, sua forma de vida, seu mundo. Corroboro com Chiappini
no que diz respeito ao estudo lingüístico língua/palavra viva.
Esse pensar e agir monológico
pressupõe em um atuar reacionário e ultrapassado. A escola não leva em conta a
diversidade de seu alunado, o seu conhecimento adquirido em família, na
comunidade em que vive, que certamente o direcionará para um “fazer de novo”,
no qual as experiências vividas pela criança dará um direcionamento que
implicará em uma concepção filosófica educacional voltada para o conhecimento
humano e social da escola. Enfim, a escola idealiza seu aluno, e aqueles que
não correspondem às metas traçadas por ela são excluídos de um ou outro modo. Ao chegar na escola, a criança traz
consigo toda uma cultura adquirida em família, em seu meio social, e depara com
valores que a escola prega, que pode ou não se assemelhar ao dela. Quando essa
interação não acontece, a escola alija a criança, criando barreiras que a fazem
estagnar de tal maneira a se achar incapaz, e, consequentemente, é concebida
como “criança problema”. Essa criança é deixada de lado por simples
preconceito. Geralmente esse preconceito é externado pela linguagem. O dialeto
usado pela criança é a forma mais eficaz que muitos professores encontram para
classificá-la dentro de uma das suas potencialidades. Descobrindo-se diferente, a criança
se silencia no seu mundo diferente e/ou procura reproduzir um mundo que agrade
mais ao seu professor, pois percebe, com isso, que sendo autêntica, com sua
história de vida, não chegará onde a escola quer que ela chegue. Será que para
essa criança a escola está sendo benéfica? Não será essa uma das razões pelas
quais encontramos muita resistência quando propomos ao nosso aluno que produza
um texto? O professor ao tomar contato com o
texto de seu aluno não o faz com o objetivo conhecer a criança, de interagir
com ela. Chega muitas vezes a não se dar conta do que essa criança está
tematizando em seu texto. A criança é essencialmente fiel ao seu mundo
interior. Ela, por não encontrar espaço para diálogo, dialoga com seu texto
muito livremente, o que faz desses textos um ‘corpus’ riquíssimo para o conhecimento do professor. Só conhecendo
o seu aluno é que o professor fluirá em seu trabalho docente. Diz Solange Jobim
e Souza:
“Poucas
são as oportunidades de troca, de interação verbal, oferecidas pelos
professores às crianças... a escola lida (com) e fala (das) “coisas da escola”.
Desconsiderando o contexto sócio-cultural, os fatos concretos e as situações
reais de vida, ela estabelece uma fenda entre os conhecimentos
culturais/vivenciais das crianças e os conhecimentos escolares”. Voltando para as palavras de
Gnerre, “a escrita é um bem certamente desejável”, porém desejar dominar o
padrão normativo da língua não deveria implicar em sacrifícios, angústias e,
sobretudo, medo. Deveria, sim, sinonimizar prazer e, por que não dizer, certeza
em alcançar ou poder escolher sua forma de interação com o meio social que
envolve o sujeito, pois a
verdade, a situação é um pouco mais caótica ainda. Simula-se que inexistem
diferenças entre a variedade que se quer ensinar e a variedade que o aluno
domina. Constata-se essa diferença é impossível esconder o sol com a peneira -
mas age-se como não a escuta. Porque escutá-la para calá-la, mas ouvir vozes
que preferiríamos caladas. Ou que outros preferem caladas. (GERALDI, 1997:90) Essa indiferença de que fala
Geraldi é o que chamamos anteriormente de ideologia político-social e
pedagógica. O professor impregnado de um conceito social em que a escola está
voltada para os interesses de uma classe dominante, como respeitar e reconhecer
uma outra verdade na criança? Ora, não é interessante que se busque na criança
verdades, pois como a escola iria conviver com essas verdades sem contrariar o
autoritarismo social? O professor acredita estar
desenvolvendo uma prática interessante quando consegue fazer com que seu aluno
“reproduza” em seus textos um discurso que não “choca” esse autoritarismo, um
discurso “velado”, um discurso no qual a criança, para agradar ao professor,
fala coisas num dialeto que é bem vindo ao sistema: Uma
verdade lingüística “vale” o que valem na sociedade os seus falantes, isto é,
vale como reflexo do poder e da autoridade que eles têm nas relações econômicas
e sociais. (Gnerre apud Geraldi, 1997:43) O sujeito, neste prisma, é visto
dependendo do seu lugar ocupado no grupo social, e principalmente a que grupo
ele pertence. Se faz parte de um grupo dominante economicamente é mais
aceitável o dialeto escolhido por ele do que um falante pertencente a um grupo
menos privilegiado.
Diante de depoimentos como esses,
fica clara a intenção do professor ao solicitar uma produção de texto. O
objetivo que ele pretende alcançar com essa prática está muito longe de ser um
meio de interagir com a criança e seu mundo. O processo de interação nesse
texto é inexistente, pois o professor, ao lê-lo, não está interessado em
discutir com a criança a tematização textual, seu mundo, mas em saber se a criança
conseguiu assimilar questões gramaticais. O texto é considerado “bom”, se não
apresentar problemas de ordem gramatical, mesmo que esse seja, por assim dizer,
“comprometido no seu significado”. O para quê do trabalho desses
professores tem uma intenção muito louvável: ensinar a criança a enfrentar as
dificuldades da vida, vencer obstáculos. Nesse aspecto a leitura e a produção
textual ganham um significado. Devo dizer que é “importante”; que as aulas de
português sirvam para ensinar a criança a descobrir caminhos para a ascensão
social. Mas devo dizer, também, que o sucesso alcançado será bem mais prazeroso
se houver um conhecimento voltado para valores afetivos, humanos, em que
professor e aluno possam interagir e com isso sair da dureza da realidade e
viajar por mundos diferentes, criar. Paulo Freire (1988: 29) diz: “A sua leitura do real, contudo, não pode
ser a repetição mecanicamente memorizada da nossa maneira de ler o real”. Podemos falar do real sem nos
aliarmos a ele; o professor pode e deve despertar na criança a criatividade, a
evasão, os sonhos. Possibilitar que a criança vivencie
a condição de autor, manifestar nela o poder de expressar, de mostrar seu
verdadeiro mundo (exterior) e (interior). Estimulando, e não enfraquecendo com
cobranças e imposições de regras e conceitos, o professor aproxima-se da
criança e nasce com isso confiança mútua e, consequentemente, crescimento
mútuo. Sem saber muito o que fazer com o
texto do seu aluno o professor direciona seu olhar para os “erros linguísticos”.
Uma vez apontados, tais professores fazem um verdadeiro emaranhado nas criações
textuais; em seguida, entrega-os aos seus verdadeiros donos sem nenhum comentário
relevante. As crianças, tomando posse dos
textos, mandam-os para o lixo, outras jogam no fundo da pasta escolar sem mesmo
olhar as observações do seu professor (os riscos). Prática assim não seria o
mesmo que “nadar e morrer na praia”? Qual o objetivo alcançado pelo professor
com uma prática como essa? A meu ver, é apenas a de cumprir um programa
estabelecido. Em conversa com os professores pesquisados o que pude sentir é
que não sabem muito bem o que fazer com o texto depois de corrigido. Reclamam
das “deficiências” dos alunos e acham que o trabalho com a produção de texto
tomam muito o tempo escolar que já é pouco para tantas exigências. Um trabalho
voltado para o “cumprir exigências” sem tomar consciência da sua importância é
um trabalho “inútil” que, acredito, ao invés de despertar para a vida,
mortifica o aluno criando nele aversão às aulas de produção de texto. Em vez de apenas assinalar os erros
nos textos dos alunos e devolver-lhes, seria mais interessante fazer com que
eles aprendessem a rever o que escreveram, para que se familiarize com os usos linguísticos.
É imprescindível também a conversa com a criança sobre o texto produzido por
ela. Essa conversa estabelecerá relações de conhecimento e fará com que a
criança se sinta importante, pois saberá que seu texto não é para cumprir
exigências, mas, sim, uma forma de entrada e vivência do professor/escola em
seu mundo.
Dessa forma, as atividades de criação de textos tornam-se um prazer, desde que a escolha de significados seja feita pela própria criança de acordo com sua necessidade, suas emoções... que o seu texto não seja cristalizado, direcionado pelo professor. Que o professor seja um mediador, em que o importante seja dar a criança a chance de construir livremente o seu texto e aprender a caminhar. É importante valorizar o texto da criança sem com isso deixar de interferir nele de uma forma a interagir com ela, entrar no seu mundo aguçando sua sensibilidade. Observe: Embora saibamos da importância
desse espaço criador, o professor parece não assimilar muito bem isso. Os
professores que convivi, em sua maioria, não conseguem encontrar tempo dentro
do horário de aula para desenvolverem essas atividades, embora reconheçam a sua
importância. Além do horário, alegam também falta de embasamento, de formação. Um outro fator abordado por “eles”
na prática dessas atividades é o sistema como um todo. As cobranças para que os
conteúdos programáticos sejam dados são muito grandes, tanto por parte da
escola como por parte dos pais. Na língua, o que a escola e a família valorizam
ainda é o “significante”. O significado não é muito compreendido, o que dificulta
um trabalho desse porte. O professor tem que estar muito
seguro de seus objetivos e deixar muito claro tanto para a escola como para a
família a sua concepção de educação e de linguagem. Caso isso não ocorra, ele
corre o risco de ser taxado de “professor enrolado”. Com uma postura tradicional, a
escola ainda encontra dificuldades em aceitar práticas interativas, em que
professor atua como mediador de um processo ensino/aprendizagem em que a
criança tenha a liberdade de se construir como sujeito desse mesmo processo. Fica evidente que o texto-prazer é aquele que a criança cria, põe as experiências vividas em seu cotidiano, ou que sonham com elas. Nesse contexto, as criações fantásticas, o mundo maravilhoso é o mundo sonhado por ela. Os heróis, as bruxas e fadas e todas as personagens do imaginário aparecem em seus textos, vivificando as situações reais. Uma forma de solucionar problemas vividos por ela ou por sua família.
Se quisermos realmente aprimorar o
desempenho linguístico da criança no que compete à leitura e produção de texto,
não pode se restringir apenas ao uso da norma culta da língua. O trabalho com o
texto é polivalente. Considerando que o texto é feito de signos, recepções e
formas diversas, que deixam muitos espaços vazios, criando ambiguidades e
propiciando ao leitor o preenchimento desses espaços com sua leitura, com sua
história de vida, e estabelecendo novas e diferentes relações semânticas do
texto com o contexto, e do texto com outros textos, não podemos olhá-los apenas
por um prisma: o prisma do “ideal”, mas também pelo prisma do real, vivo e
dinâmico. Não podemos falar de produção de
textos, de interpretações de textos sem antes, porém, falar sobre a “leitura”,
sobre o ato de ler. Pois só cria textos, só analisa e interpreta textos quem
lê. Nós sabemos que a escola não caminha muito bem nos processos de criação de
leitor. A leitura é um processo complexo e
não se restringe à palavra escrita. Não se lê apenas letras, palavras. Lê-se
tudo que se encontra à nossa volta; cores, sinais, gestos, expressões, olhares,
uma infinidade de outras coisas que para tal não tem necessariamente que ser
letrado. É a leitura do mundo. Paulo Freire nos faz uma importante consideração
a esse respeito: “A leitura do mundo
precede a leitura da palavra daí que a posterior leitura desta não possa
prescindir da continuidade da leitura daquele” (1988:11). Essa polêmica acerca da leitura, da
construção de leitores e produtores de textos já, há bastante tempo, vem sendo
tratada por teóricos e estudiosos da educação. mesmo assim não conseguiram
sensibilizar a escola para essa problemática, por ela viver alheia a tal
problema. À escola é dada a incumbência de
“iniciar” a criança na leitura da palavra, dos textos. No entanto, ela se
esquece de que a leitura da palavra pode e deve ser iniciada levando em
consideração e utilizando-se daquela que a criança já possui; levando-a à
aprender a leitura da palavra e ampliar sua visão de mundo, formando, assim, um
elo: “a leitura do mundo e o mundo da leitura”. Assim, volto a insistir na
complexidade do ato de ler. É necessário fazer correlações, apreciações,
análises e críticas a respeito do texto lido. Ler, portanto, é um ato aprendido
gradativamente e para que a criança avance no estágio da leitura é necessário
que a escola desempenhe seu papel de, além de ensinar, proporcionar situações
diversas de leitura e criação de textos, porque assim estará promovendo a
socialização do processo criativo da língua. Dentre muitas maneiras de tratar o texto a mais considerável é que ele, na sua complexidade, garanta a preparação para vida, a sociabilização de ideias e nos permita prazer e, mais ainda, nos leve ao conhecimento do mundo real e imaginário.
Nota
[1] [N. do E.] A
publicação desse texto faz parte do projeto editorial, realizado pela Zona de
Impacto, com o intuito de republicar trabalhos que compuseram o
periódico
Caderno de
Criação - ISSN 0104-9389. Esse artigo foi publicado no Ano VII, Nº
22, Junho
- Porto Velho, 2000.
BIBLIOGRAFIA FREIRE,
Paulo. A IMPORTÂNCIA DO ATO DE LER.
Cortez, São Paulo, 1988. ____________.
ESSA ESCOLA CHAMADA VIDA. Ática, São
Paulo, 1994. ____________.
PEDAGOGIA DA AUTONOMIA. Paz e Terra,
São Paulo, 1997. GERALDY, João
Wanderley (org.). O TEXTO NA SALA DE
AULA.
Ática, São Paulo, 1997. KRAMER,
Sônia. POR ENTRE AS PEDRAS: ARMA E SONHO
NA ESCOLA. Ática, São Paulo, 1994. LAJOLO,
Marisa. DO MUNDO DA LEITURA PARA A
LEITURA DO MUNDO. Ática, São Paulo, 1994. SILVA
JÚNIOR, Celestino Alves da. A ESCOLA
PÚBLICA COMO LOCAL DE TRABALHO. Cortez, São Paulo, 1993. SOUZA,
Solange Jobim e. INFÂNCIA E LINGUAGUEM.
Papirus, Campinas, 1996. |
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