Zona de Impacto - ISSN 1982-9108  ANO 17 Vol. 2 - 2015 - Julho/Dezembro



Por uma imagem de Rondônia: onça, imprensa e poder

 

Lourival Inácio Filho

Juliano Fischer Naves

 

Resumo: Esta pesquisa faz parte das atividades desenvolvidas pelo Núcleo Informatizado de Memória e Pesquisa do IFRO (NIMPI), Campus Ji-Paraná. Buscou por meio de fontes jornalísticas impressas e pelo método serial e de observação exaustiva, criticar imagens apresentadas pela imprensa sobre Rondônia durante o período de construção e estruturação do Estado (1981-1985). Trabalhou a questão pelos padrões de manipulação da notícia, buscando equilíbrio entre a opinião pública e o forte processo migratório na busca de consensos hegemônicos ligados ao mercado e ao governo. Naquele contexto de íntima relação entre imprensa e poder, destacava-se a figura midiática do governador coronel Jorge Teixeira, que buscou – por meio da mídia impressa – estabelecer consensos sobre o que era Rondônia. 

Palavras-chave: Imprensa. Hegemonia. Rondônia.

 

Abstrac: This research is part of the activities developed by the core and memory research Computerised IFRO (NIMPI), Ji-Paraná Campus. Sought through newspaper printed sources and serial method criticize images presented by the press about Rondônia during the construction period and structuring of State (1981-1985). Worked the issue by the standards of news manipulation, searching balance between public opinion and the strong migratory process in the pursuit of hegemonic consensus market-related and Government. In that context of intimate relationship between press and power, highlighted the media figure of the Governor Colonel Jorge Teixeira, who sought — through printed media – establish consensus on the Rondonia.

Keyword: Press. Hegemony. Rondônia

 

Introdução

 

Durante a criação e estruturação do estado de Rondônia no início dos anos 1980, intentar consensos hegemônicos sobre o local foi algo recorrente e amplamente sentido nos veículos de comunicação escritos. Era preciso criar consensos sobre um local que recebia milhares de migrantes diariamente.  A análise das fontes jornalísticas dentro de atividades desenvolvida no Núcleo Informatizado de Memória e Pesquisa do IFRO (NIMPI) e no Mestrado em História e Estudos Culturais da UNIR, nos impulsionou a busca de contextualização do período pela complexidade inerente à relação entre as notícias jornalísticas e o contexto histórico.

Tais produções chegavam por vezes a forjar imagens sobre Rondônia e sobre seus povos tradicionais dentro de tentativas de manipulação, tanto no texto quanto na imagem que melhor se enquadrasse na busca de consensos hegemônicos, seja projetando antigas visões ou favorecendo novas, foi criada uma Rondônia próspera que não podia ser lembrada por episódios arcaicos que envolvessem onças, índios ou local primitivo. Mas, que ao mesmo tempo, se envolvia em questões políticas nacionais maiores de transição de um regime ditatorial para uma abertura política e deveria estar pronta para receber o “progresso”, ou seja, sua inclusão/dependência aos mercados nacional e global.

Mesmo sendo um produto comercial com relativo custo de assinatura e restrito a uma elite econômica e letrada, a recepção das mídias impressas era sentida também pela reverberação em programas radiofônicos, muito comuns ainda nos dias atuais, fazendo com que o alcance de suas representações circulasse entre diferentes hierarquias sociais por mais humilde e distante que estivessem da produção e do letramento[3]. Não por acaso, como constatamos nesta pesquisa, muitos dos donos de jornais em Rondônia, também possuíam concessões de rádios.

Este poder que a imprensa possui de transformar algo cotidiano em fato político é a preocupação central deste estudo. Seja, retratado no “caso da onça” que supunham ter devorado um homem em viagem de ônibus para Vilhena ou em análise contemporânea de propaganda de empresa de ônibus. Realizamos uma reflexão crítica sobre as reverberações nas mídias impressas do que venha a ser Rondônia.

 

Por uma imagem de Rondônia: partindo do presente

 

As mídias, segundo Douglas Kellner (2001), são uma fonte profunda e, muitas vezes, não percebida forma de pedagogia cultural, contribuindo para nos ensinar como nos comportar, o que pensar e sentir; em que acreditar, temer e desejar, e o que não. Sendo ainda difícil e polêmico mensurar o seu grau de influência - ou seja - sua recepção junto ao público leitor.

Pela observação exaustiva de características midiáticas em Rondônia geralmente percebemos[4] esta característica de intenções pedagógicas. Neste sentido é exemplar a busca de consenso em propaganda de uma empresa de transportes terrestres, sobre o que venha a ser Rondônia (figura 1).

Fonte: Lourival Inácio Filho, 2013.

 

A mensagem está estampada estrategicamente na parte traseira de um ônibus interestadual que vinha do Paraná para Rondônia. Tal posição e limite de velocidade na circulação desses veículos torna visível a imagem a todos os automóveis que venham na mesma direção.

 A imagem se constitui em foto e texto, circundadas de cores chamativas, remete-nos a um aspecto representativo: a incorporação da região ao mercado nacional e mundial pela pecuária. Assim, o que só começou a se desenvolver extensivamente a partir das últimas duas décadas do século passado é apresentado como algo natural (“Rondônia: Estado Natural da Pecuária”), simbolicamente representada pela sombra de um boiadeiro/vaqueiro imponente sobre seu cavalo ante o rebanho[5], parado e dominando a paisagem.

Tal representação nos remete a muitas ideias refletidas na grande imprensa ao longo dos anos sobre Rondônia. São signos reverberados que são geralmente centrados na velha ideia do “pioneiro” que “construiu” a região que até então - antes da sua chegada - era “inacabada” e de longínqua localização, que só foi esquadrinhada pelo poder da “modernização” e do “progresso”.

Qual foi o papel da mídia escrita jornalística na naturalização e/ou busca de consensos dentro da dialética inerente a estes signos de modernização sobre Rondônia? Em outras palavras, quais foram as formas de produção midiáticas durante a construção do Estado? É crucial na busca de respostas concomitantemente intentar desnaturalizar as reverberações discursivas de busca de hegemonias ainda em evidência sobre Rondônia.

 

Onça, imprensa e poder: as reverberações do passado

 

Em 1981, uma viagem de ônibus[6] de Porto Velho a Cuiabá entraria para a história da imprensa rondoniense e para desespero do então governador, coronel Jorge Teixeira de Oliveira[7] - designado pela Ditadura Militar para estruturar o Território Federal e transformá-lo em estado - correria o Brasil e o mundo. Era o hoje famoso e pitoresco “caso da onça”. A mais ou menos 25 km da cidade de Vilhena, um ônibus teria parado para que um dos seus passageiros adentrasse a mata para satisfazer necessidades fisiológicas - naquela época poucos ônibus possuíam banheiro.

Como o passageiro demorou a voltar e as pessoas no ônibus teriam ouvido o que seriam “esturros” do que supunham ser uma onça, e ainda encontraram vestígios de sangue no local, logo deduziram que o passageiro havia sido devorado pelo animal.

No outro dia, jornais em Porto Velho estampavam a manchete “Onça devora passageiro nas proximidades de Vilhena”. Tal notícia teria sido reproduzida pela mídia nacional e até internacional. Passada uma semana o homem estava vivo e chegara a Vilhena a pé, e explicara que tinha se perdido. Os jornais de Porto Velho tiveram que dar a contranotícia, mas já era tarde. Para muitos a “imagemdo estado já estava manchada[8].

O episódio causou embaraços e certa ira no governador, que vinha investindo alto para melhorar a imagem de Rondônia. No dia 24 de janeiro de 1981, o jornal Estadão de Rondônia trazia como manchete de capa matéria sobre a reunião marcada por Jorge Teixeira com os principais diretores de jornais (figura 2), na qual exortava a imprensa estadual a melhorar a imagem de Rondônia.

 

Numa reunião informal levada a efeito ontem à tarde com os diretores dos jornais da capital, o governador Jorge Teixeira de Oliveira exortou a imprensa a melhorar a imagem do território Federal de Rondônia para o Brasil. Teixeira, que evitou falar de política no colóquio, pediu o exercício de uma imprensa livre e democrática, acrescentando, contudo que algumas notícias veiculadas pela imprensa - o caso da onça, por exemplo, vieram a ridicularizar a imagem do novo estado.

O encontro do governador com os jornalistas não demorou mais do que uma hora, e Teixeira fez questão de frisar que a transformação de Rondônia em estado não é missão apenas do Governo, e sim de todo rondoniense, e “a imprensa poderá colaborar profundamente com isto se melhorar a nossa imagem exterior”.

 

É singular este episódio da onça e seu posterior desfecho, chegando inclusive ao palácio do governo para reforçar como um aspecto particular, ganhou contornos conjunturais pela sua reverberação na imprensa, reforçando o protagonismo ideológico desta como esforço cotidiano de convencimento. Nesse sentido de relação entre mídia e sociedade civil Jorge Almeida (2011, p.123) analisa o conceito de hegemonia em Gramsci:

 

A hegemonia se faz, assim, como combinação de coerção e consenso. E o consenso se constrói através de concessões econômicas secundárias e do convencimento político e ideológico. A mídia tem, neste sentido, um papel notável neste esforço permanente e cotidiano de convencimento. E não somente em relação as questões particulares e conjunturais, mas especialmente de construir esta representação social do estado que, mesmo sendo um organismo classista, procura se expressar como sendo o portador de “todas as energias nacionais”.

 

Fica evidente, no episódio, que o coronel Jorge Teixeira compreendia tais possibilidades midiáticas, por isso a reunião com vários editores de jornais. Porém, ao contrário do que diz a reportagem, o que mais se fez foi política, no sentido em que toda a reunião foi pautada pela busca de coerção e consenso junto aos editores de mídias escritas, na qual a transformação (“melhoramento”) da imagem de Rondônia foi imposta como um esforço de todos e não apenas do governo. Toda a sociedade civil era naquele momento representada por um grupo minoritário de editores de jornais.

A reunião foi contumaz ao que se propôs. No dia seguinte, o mesmo jornal que divulgara a reunião com o governador já se posicionava em apoio ao mesmo[10] com um forte editorial intitulado “Por uma nova imagem de Rondônia”, exortando uma união “harmônica” entre “todas as forças vivas da comunidade rondoniense” por uma “nova imagem de Rondônia”, que deveria ser vista principalmente pelo “Sul” do país como grande centro econômico.

 

A partir desta edição o jornal “O Estadão” encapa mais uma, importante proposta, de vital importância para o Território Federal de Rondônia. Referimo-nos a imagem do Novo Estado, que necessita principalmente no Sul do País, de uma completa mutação. E o que fazer para que a terra de Rondon passe a desfrutar de sua imagem real para que o Sul venha a reconhecer em Rondônia um novo Estado [...] Urge uma séria tomada de posição. E para que isto seja procedido ordenadamente, “O Estadão” propõe realizar uma campanha em torno de uma nova figura do Território, exortando a participação da imprensa, da classe política, dos empresários, da área estudantil, dos agricultores, dos prefeitos do interior, enfim, de todas as forças vivas da comunidade rondoniense, para que estes segmentos atuando harmonicamente passem a movimentar todas as suas forças no sentido de projetar a melhor retratação possível desta terra que tanto adoramos (Estadão de Rondônia, 25/01/1981, p.2).

    E utilizaria o mesmo mote enquanto propaganda de divulgação do próprio jornal (figura 3). Por meio de uma frase promocional, a empresa jornalística engendrava duas questões centrais à sua busca de consenso - interagia com as intenções governamentais ao mesmo tempo em que se afirmava em quanto veículo identitário em busca de uma melhor representação do estado, pois ao ler o Estadão, o leitor encontraria uma boa imagem, mesmo que epidemias de malária, intenso fluxo migratório, falta de infraestrutura urbana e demais mazelas sociais insistissem em apontar outras possibilidades.

 

Fonte: Jornal O Estadão de Rondônia, 1981.

 

Para percepção das dinâmicas que envolvem as relações entre imprensa, governo e sociedade, observamos outro enfoque para a preocupação teixeirista por meio de outro veículo, o jornal “O Parceleiro” (24/01/1981) de Ariquemes, para quem a melhoria da imagem do novo estado, apontava interesses políticos eleitoreiros e imediatistas como um dos objetivos por trás da criação do estado.

 

Depois de 37 anos de existência, o que há por trás dessa repentina transformação? [o Território de Rondônia passar a estado] – Há quem diga que o mais extenso Território esteja sendo vítima de manobras políticas emanadas de um grupo palaciano, buscando garantir a maioria do PDS na Câmara e no Senado [...] Até o governador paulista, Paulo Salim Maluf tem indispensável participação na histórica transformação. Na ânsia de fortalecer o número de simpatizantes à sua candidatura para presidência da República.

 

De fato, naquela eleição - a primeira para vereador, prefeito e governador em um mesmo período desde a instauração do regime de exceção no país - o governador Jorge Teixeira se empenhou pessoalmente na campanha do PDS, buscando eleger o máximo possível de candidatos de sua legenda, uma vez que ele próprio seria reconduzido ao cargo de forma indireta pelo amplo apoio do partido governista a época, o PDS ao qual era filiado[11].

 

Fonte: O Estadão de Rondônia, 17/01/1981).

 

 

CONCLUSÃO

 

    A busca de equilíbrio e/ou imposição junto à opinião pública que se formava entre o contexto histórico concreto e as visões de progresso, por vezes ufanistas ligadas aos tempos de grande migração e colonização em Rondônia, fez com que a grande imprensa trabalhasse entre os anos de 1981 e 1985, dentro desta dialética, que negava e/ou camuflava conflitos inerentes à dialética do processo em busca de consensos hegemônicos que se reproduz ainda nos dias atuais enquanto imagens sobre Rondônia.

Não havia preocupação com o entendimento contextualizado da complexidade que envolvia o fenômeno, a imprensa - arbitrariamente - negava-se a investigar com profundidade massacres e etnocídios indígenas, bem como a violência entre colonos e grileiros e procurava evitar visões que remetessem ao natural primitivo. Não que não fossem apresentados, porém, faltava-lhes aprofundamento discursivo.

Havia limites bem definidos para as representações sobre Rondônia. Não podemos esquecer que interesses múltiplos andaram juntos nestas configurações polifônicas, nas quais e, em última instância, prevalecia a do dono do veículo de comunicação, não como fim, mas como meio para a busca de manutenção de interesses, também, econômicos.

 

 

REFERÊNCIAS

 

ALMEIDA, Jorge. A relação entre mídia e sociedade civil em Gramsci. Revista Compolítica, Bahia, v.1, n.1, 119-132. Março-abril, 20011.

HATOUM, Milton. Entrevista: Cinzas de um certo Norte. Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de janeiro, edição 44, p. 38, maio 2009.

HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos: o breve século XX, São Paulo, Companhia das Letras. 1997.

Interesses políticos. O Parceleiro, Ariquemes, 24 de jan. 1981, p.2.

KELLNER, Douglas. A cultura da mídia: estudos culturais: identidade e política entre o moderno e o pós-moderno, Bauru: EDUSC, 2001.

O ESTADÃO DE RONDÔNIA. “Leia o Estadão” (propaganda). O Estadão de Rondônia, Porto Velho, 29 de mar. 1981, p.3.

NETO, Carlos Sperança. Entrevista: Grandes editores de jornais em Rondônia. Diário da Amazônia, Porto Velho, edição online, dezembro 2013. Disponível em: http://www.diariodaamazonia.com.br/entrevista-carlos-speranca-neto-carlao/ acessado em 22 de nov. 2013.

O ESTADÃO DE RONDÔNIA. “Por uma nova imagem de Rondônia”. O Estadão de Rondônia, Porto Velho, 25 de jan. 1981, p. 02.

O ESTADÃO DE RONDÔNIA. “Teixeira exorta a imprensa a melhorar imagem de Rondônia”, O Estadão de Rondônia. Porto Velho, 24 de jan. 1981, Capa.



[1] Mestrando do Programa de Pós-Graduação em História e Estudos Culturais da Universidade Federal de Rondônia.

[2] Mestre em computação pela universidade federal fluminense, doutorando na área de redes, sistemas distribuídos e paralelos na universidade federal fluminense.

[3] O rádio que faz parte do avanço das fronteiras ocidentais capitalistas sobre o mundo, principalmente a partir do Pós-guerra da década de 1950. “O mundo industrial [...] se expandia por toda parte: nas regiões capitalistas e socialistas e no “Terceiro Mundo” [...] O que antes era um luxo tornou-se o padrão do conforto desejado [...] o rádio podia agora, graças ao transistor e à miniaturizada da bateria de longa duração, chegar às mais remotas aldeias”. (HOBSBAWM, 1995, p.256-260).

[4]Ao longo de treze anos residindo em Rondônia, nos quais eu, Lourival Inácio Filho, morei em Ouro Preto do Oeste (primeiro Projeto Integrado de Colonização, antigo PIC – Ouro Preto), Porto Velho (Capital ligada à histórica ferrovia Madeira-Mamoré) e, atualmente, trabalhando em Ji-Paraná (segunda maior cidade do estado, onde ocorreu uma das mais divulgadas invasões a terras indígenas nos anos 1980) sempre lecionando em escolas públicas e, mais recentemente, através do projeto de extensão Conhecer Para (In) formar: Patrimônio Histórico e Meio Ambiente em Rondônia em 2012 (disponível em www.conhecerparainformar.hostei.com) idealizado por nós e desenvolvido no Instituto Federal de Rondônia, onde conhecemos e pesquisamos sítios arqueológicos, museus, Forte Príncipe da Beira e por todo o percurso da EFMM, sempre procuramos observar aspectos históricos e culturais mais significativos da formação do Estado e de seu cotidiano.

[5]A sombra possui força simbólica, uma vez que não há feição que caracterize o migrante que pode ter vindo de Minas, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul ou de um estado qualquer do Nordeste. Miscelânea de matizes heterogênias de uma identidade nacional com fragmentos culturais diferenciados pelo tamanho continental e pelo processo histórico de ocupação do Brasil.

[6]Da mesma empresa de ônibus anteriormente citada.

[7]Jorge Teixeira é uma figura histórica de destaque no período, já havia sido prefeito biônico de Manaus e em 1979, foi designado pelo último presidente da ditadura, João Batista Figueiredo, para criar as bases locais para a implantação do estado de Rondônia e foi nomeado como seu primeiro governador. Chefiou o estado de 1979 a 1985 sem ter passado por eleição direta. Sabia como poucos utilizar a mídia a seu favor, não por acaso deixou fortes traços patrimonialistas no imaginário político rondoniense batizando com seu nome cidade, avenidas, escolas entre outros. O escritor amazonense Milton Hatoum o descreve da seguinte forma: “O prefeito-coronel de Dois Irmãos [livro seu] é inspirado em um cara que de fato existiu. Era conhecido como coronel Teixeira, estudou na “escola da morte” no Panamá - onde os americanos formavam a repressão na América latina. Foi ele quem acabou com o primeiro foco de guerrilha na Amazônia, antes do Araguaia. Para alguns, é um herói. Ele tinha a pretensão de ser governador e modernizou Manaus da pior maneira possível. Simplesmente acabou com a bela e histórica Praça 15 de Novembro para construir uma avenida”.

(HATOUM, Milton. Entrevista: Cinzas de um certo Norte. Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de janeiro, edição 44, p. 38, maio 2009).

[8]Versão dada em entrevista com o jornalista Carlos Sperança Neto ao jornal Diário da Amazônia em sua versão on-line em 16 de novembro de 2013, disponível em http://www.diariodaamazonia.com.br/entrevista-carlos-speranca-neto-carlao acessado em 04 de dez. de 2013.

 

[9] Na foto temos oito representantes de jornais e ao fundo – atrás do governador à direita – temos cartaz promocional, que apesar de não estar nítido, refere-se à passagem de Rondônia a estado, com uma estrela “cortando” um semicírculo em alusão a bandeira nacional com o slogan “Rondônia: a mais nova estrela no azul da União” que era muito repetido pelos jornais da época.

[10] É importante destacar as mudanças editoriais do Estadão em relação ao governo, se no início o jornal forneceu forte apoio editorial ao governador, depois como fruto de desentendimento entre o empresário Mário Calixto e Jorge Teixeira, tornou-se grande opositor ao mesmo.

[11]Partido ao qual eram filiados os signatários da Ditadura Militar, tendo inclusive sua indicação para primeiro governador aprovada pelo Senado Federal em seção extraordinária em 28 de dezembro de 1981, pouco antes do réveillon daquele ano, com votação secreta, conforme divulgado pelo jornal Folha de São Paulo (29/12/1981). 

 

Recebido em fevereiro de 2015. Aceito em abril de 2015.