Zona de Impacto - ISSN 1982-9108. ANO 17, Volume 1 – janeiro/junho, 2015.


Apresentação
Xênia de Castro Barbosa (org.)

           Em dois de outubro de 2014 a cidade de Porto Velho, capital do Estado de Rondônia, completou seu primeiro centenário. Formada a partir de terras dos territórios do Mato Grosso e do Amazonas, a cidade se desenvolveu a partir do início do século XX, com a retomada de esforços para a edificação de uma estrada de ferro— a Madeira-Mamoré — também conhecida como “ferrovia do diabo”, e cuja construção tinha sido abandonada em decorrência da crise financeira resultante da Guerra Franco-prussiana (1870-1871), que inviabilizou a aplicação de capitais no projeto.
            A estrada de ferro, que facilitaria o transporte da borracha dos seringais bolivianos e brasileiros da região de Guajará Mirim e Santo Antonio do Madeira, possibilitou a vinda de milhares de trabalhadores de diferentes países, que nas interações com a população nativa, formariam o primeiro núcleo urbano.
            Típica cidade amazônica, Porto Velho experimentou nesses primeiros 100 anos um desenvolvimento desigual, expresso em suas formas, que alternam bairros e residências de alto padrão a aglomerados subnormais, e expresso também nas condições de acesso de sua população a bens e serviços, como educação e saúde.
            O desenvolvimento desigual e a modernidade incompleta repercutem não só em sua paisagem, como também na qualidade de vida, nos perfis epidemiológicos e nos desafios educacionais e políticos de sua história presente.
            Com o intuito de promover o debate sobre os dilemas e desafios de Porto Velho, o Núcleo de Estudos Históricos e Literários do IFRO – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia – em parceria com o Centro de Hermenêutica do Presente, da Universidade Federal de Rondônia, organizou o colóquio com a temática “Cidade e História – Porto Velho, cem anos”, no qual docentes e estudantes dos diversos níveis do ensino puderam refletir, a partir de estímulos interdisciplinares, sobre o espaço onde vivem.
          Os textos que seguem, diversos e plurais, registram algumas das reflexões tecidas durante o colóquio, e entrelaçam história, geografia e literatura na busca da construção de um discurso inteligível e claro acerca da história do tempo presente, uma história que é, sobretudo, política, em seu sentido clássico de enfrentamento dos problemas da vida da polis. Esses textos não se limitam, contudo, a abordar questões relativas à formação histórica de Porto Velho, mas posicionam-se também quanto à educação e a educação para o convívio étnico racial, o trabalho, os movimentos sociais escravistas e desafios urbanos presentes na cidade, como a violência no trânsito ou os impactos causados pela cheia fluvial do primeiro trimestre de 2014. São textos abertos e convidativos para a leitura e para a reflexão.

 
Recebido em 20/11/2014.
Aceito em 10/12/2014.