Zona de Impacto - ISSN 1982-9108 ANO 18 Vol. 2 - 2016 - julho/dezembro
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O ENSINO SUPERIOR PARA OS POVOS INDÍGENAS DE MATO GROSSO DO SUL (Doutoranda PPGAS/Museu Nacional ) Resumo: Este artigo faz parte da pesquisa de campo desenvolvida no Estado de
Mato Grosso do Sul juntos aos egressos indígenas das diversas universidades.
Buscou por meio de entrevistas, aplicação de questionário e pela observação
participativa nos trabalhos (escolas, posto de saúde, órgãos públicos etc.)
desses egressos, para analisar como está sendo aplicando os conhecimentos
adquiridos nas universidades dentro de suas aldeias ou fora da aldeia. Fazendo
analise de como esses indígenas estão sendo inserido no mercado de trabalho. No
meio desse contexto destaco alguns profissionais indígenas que estão se
destacando na luta por autonomia de seu povo com os conhecimentos técnicos
adquirido nas universidades. Palavras-chave: Egressos Indígenas. Autonomia. Povo. Abstract: This
article is part of field research conducted in the state of Mato Grosso do Sul
together indigenous graduates of different universities. He sought through
interviews, questionnaire and the participatory observation in the works
(schools, health centers, public bodies etc.) of these graduates, to analyze
how this is applying the knowledge acquired in universities within their
villages or outside the village. Making analysis of how these Indians are being
inserted in the labor market. Amid this context highlight some indigenous
professionals who are excelling in the struggle for independence of his people
with the technical knowledge acquired in universities. Keyword:
Indigenous graduates. Autonomy. People. Introdução Com a promulgação da
Constituição Federal de 1988, trouxe o paradigma do direito à diferença,
principalmente ao tocante a educação dos povos indígenas. A demanda por
educação superior para povos indígenas do estado de Mato Grosso do Sul surgiu
do anseio dos professores e lideranças em buscar um ensino de qualidade dentro
das aldeias uma vez que muitos dos professores estariam atuando como professor
leigo dentro das salas de aula. Contudo, para que isso ocorresse se fazia
necessária a formação desses professores que já eram atuantes nas escolas da
aldeia. Outro fator a ser considerado como motivador na busca pelo ensino
superior, como identificaram Souza Lima e Barroso Hoffman (2007), é o interesse
indígena em gerir seus próprios projetos. Neste novo cenário, surgiram ações
direcionadas à formação superior indígena com propostas de diversas ordens, a
partir da iniciativa de universidades, estados e mesmo do MEC. Em termos de ações federais,
uma parceria entre SECAD, Secretaria de Educação Superior – MEC e o Programa
Diversidade na Universidade resultou na primeira ação do MEC voltada para o
ingresso de indígenas na Universidade: o Programa de Formação Superior e
Licenciaturas Indígenas (PROLIND), criado em 2005, que passou a oferecer,
através de editais, incentivo financeiro para projetos que visassem à formação
de professores indígenas para atuarem nas escolas das aldeias (SOUZA LIMA,
2007; PALADINO & PAIVA, 2012). Em 2003, a Universidade
Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) implantou o sistema de cotas, com 10% das
vagas em todos os seus cursos por meio da Lei n° 2.589 de 26/12/2002 e
Resolução COUNI/UEMS nº 241 de 7/07/2003 (CORDEIRO, 2005). Essa mesma política foi
adotada pela primeira vez no estado do Rio de Janeiro, após a promulgação da
Lei nº 3.708, de 9 de novembro de 2001, que “institui cota de até cinquenta por
cento para as populações negra e parda no acesso à Universidade do Estado do
Rio de Janeiro e à Universidade Estadual do Norte Fluminense”. O projeto de lei
3.627/2004 contém a proposta para uma eventual lei sobre a política de
cotas.[1]
As demais universidades do estado tiveram como foco principal as licenciaturas
indígenas, já que a Lei de Diretrizes de Bases nº 9.394/1996 exigia a
implantação das mesmas. Nesse caso, temos o exemplo da UFGD, que já tinha
implantado a forma de acesso dos povos indígenas através da licenciatura
intercultural antes mesmo da implantação de políticas afirmativas. Com o passar
dos anos foi se percebendo que a história começava a mudar, e o que era
impossível para os povos indígenas se tornou realidade. Ano após ano, as demandas
têm aumentado nas universidades em diversas áreas, não só nas licenciaturas,
mas também nas áreas de saúde, direito, ciências agrárias etc. Para as aldeias
é de suma importância que esses jovens se capacitem em diversas áreas devido
aos vários impactos que elas têm sofrido, seja os de ordem ambiental, social,
política, econômica, seja principalmente, pela perda das terras tradicionais
etc. Essa nova geração vem com força para desconstruir tudo o que o purútuye
(homem branco) construiu e ainda constrói sobre os índios até os dias
atuais. Em 2012, foi aprovada a lei
n° 12.711/2012, que instituiu 50% de reserva de vagas (voltadas para pessoas de
baixa renda e pertencentes a qualquer grupo étnico-racial) em todas as
universidades federais do país. É importante frisar que, mesmo antes da adoção
da lei, já existiam vários profissionais indígenas portadores de diploma de
ensino superior. Acredito não ter sido fácil para esses indígenas concluírem
suas graduações, mas devido às condições familiares mais favoráveis de alguns
dentro da aldeia, eles conseguiram manter-se na cidade e finalizar seus cursos.
Devo destacar, também, que mesmo antes da sanção da lei, já existia, como
destaquei anteriormente, um movimento das universidades do estado no sentido de
receberem indígenas por formas diversas: pelo sistema de cotas, em cursos e
programas específicos, contando muitas vezes com políticas públicas para
garantir a sua permanência nas instituições de ensino. Também têm sido
desenvolvidos programas que vão desde a bolsa permanência do governo de estado
e federal, cursos paralelo da própria universidade e de outras instituições,
como a Funai (por algum tempo). No Mato Grosso do Sul, um programa que ganhou destaque foi o
Rede de Saberes, criado em 2005, como um programa de ação afirmativa que
incluiu inicialmente duas universidades, no caso a Universidade Católica Dom
Bosco (UCDB) e a Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS), e depois
quatro, com a incorporação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)
e a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). O programa Rede de Saberes
visa apoiar a permanência de indígenas no ensino superior do estado. Suas
atividades se desenvolveram a partir da sugestão e criação, do auxílio à
estruturação e monitoramento da equipe do projeto Trilhas de Conhecimento.[2] O
Projeto Trilhas do Conhecimento foi desenvolvido com recursos da Fundação Ford
e gerenciado pelo Laced/Museu Nacional/UFRJ, sob a coordenação do Prof. Dr.
Antonio Carlos de Souza Lima e de Maria Macedo Barroso. Com o sucesso do
projeto Rede e a continuidade do financiamento ainda hoje existente, o programa
se estendeu também aos acadêmicos indígenas da UFGD e da UFMS, no ano de 2008,
como dito acima. Atualmente estima-se que o
projeto atenda mais de 500 indígenas que ingressam por meio da política de
cotas no ensino superior. Trata-se de um projeto com objetivo de ampliar o
acesso ao ensino superior e, principalmente, de formular novas políticas que
assegurem a permanência desses indígenas na universidade, através de formação
de qualidade de indivíduos comprometidos, não apenas com a defesa dos direitos
indígenas, mas também com o intuito de propiciar a autonomia e o
desenvolvimento destes povos. No início, o Programa Rede
de Saberes apoiava cerca de 150 acadêmicos indígenas na UEMS, número que foi
aumentando a cada ano, com a maior quantidade de ingressos (devido à adoção da
política de reserva de vagas de 10% para indígenas). Os indígenas que têm
buscado, cada vez em maior número, o acesso às universidades, vêm de povos que
enfrentam um longo e histórico processo de relações inter-étnicas, marcado por todos
os tipos de exclusão e preconceito. Na verdade, salvo algumas poucas
iniciativas governamentais, em geral limitadas às universidades federais, no
quesito política públicas, falta muito a ser feito, pois na prática elas
praticamente inexistem no Brasil. Para os povos indígenas, as universidades
constituem espaço importante na busca por conhecimento e principalmente em sua
afirmação enquanto um povo etnicamente diferenciado, para tanto sendo de suma
importância que as Universidades entendam as nossas culturas e tradições. Para
tanto, é preciso que avancemos juntos com as ações afirmativas. Assim como nos
é dada a oportunidade de frequentar as universidades brasileiras, também temos
o dever e a responsabilidade de retribuir a oportunidade e transformar em conquista
para o nosso povo, para que essa bagagem de conhecimentos que adquirimos ao
longo dos anos em que passamos na universidade sirva em benefício do nosso
povo, e que de alguma forma esses ditos conhecimentos
científicos possam ser utilizados de algum modo dentro de nossas aldeias. Organização dos
universitários indígenas dentro das Universidades Através do Programa Rede de
Saberes que realizava no início do ano letivo, uma
pequena confraternização para os acadêmicos indígenas com a finalidade de
acolher os novos calouros indígenas. O momento era de interação e
diálogo entre esses acadêmicos, pois era dali que surgia a amizade e a troca de
experiências e os desafios que cada um iria vivenciar. E assim iam se formando
grupos dos quais futuramente surgiriam os representantes desses universitários
indígenas. Alguns com mais experiência em movimento seria o que lutaria pelo
movimento estudantil indígena no estado de Mato Grosso do Sul. Através de uma
associação embora não constituída juridicamente, porém sempre apresentada pelos
universitários indígenas que conseguia diversos espaços para expõe a situação
dos universitários e até como forma de dar visibilidade dos lugares que os
indígenas estavam ocupando o campus das diversas universidades do estado de MS.
A organização foi ganhando força e assim esses indígenas conseguiram
estabelecer convênios com a Funai, com a Secretaria
de Cultura, Educação e Assistência Social, além do apoio da própria
universidade com as bolsas. Esses convênios ajudavam a fortalecer a organização
desses universitários indígenas suas demandas eram atendidas desde ocupar
espaços públicos para reuniões o que antes eram feitas em praças ou até mesmo
em locais desapropriado para reuniões, com apoio de passes, cestas básicas e
doações de abrigo de frio. Um dos momentos
de grande interferência da organização através da Associação dos Estudantes Indígenas foi em 2008,
ano em que os estudantes já não tinham onde buscar ajuda, pois muitos dos
apoios citados acima já não existiam. O único remanescente era o Vale
Universidade Indígena. Naquele momento, a atuação da Associação dos Estudantes
foi decisiva e essencial para a permanência dos indígenas nos centros urbanos.
Muitos já haviam desistido, pois, já se contavam seis meses de atraso no pagamento
da bolsa Vale Universidade. Naquele momento,
muitos aluguéis, contas de luz e água estavam atrasadas, e muitos indígenas sem
saber o que fazer, pois seus familiares não tinham mais como ajudá-los, já que
tinham esgotado todas as fontes de ajuda por parte das suas famílias. A união
dos estudantes indígenas e forma que eles estavam se organizando dentro dos
centros urbanos, permitiu muitas negociações e diálogo nos vários âmbitos,
quando os canais comuns se esgotavam e não havia outros meios, a não ser ir
para as ruas em busca de respostas para as demandas não atendidas. Foi o que
aconteceu na manhã do dia 14 de abril de 2008, depois que todos os apoios se
esgotaram, os acadêmicos indígenas decidiram em reunião coletiva comunicar que
os universitários iriam fazer uma grande mobilização contra o não cumprimento
do decreto que concedia a bolsa permanência a eles: resolveram fechar a BR 262-Avenida Guaicurus, que liga a Universidade
à cidade de Dourados, em forma de protesto por falta de depósito da bolsa universitária
indígena. Muitos já não tinham de onde tirar recursos para se manter na cidade
universitária de Dourados que, por sinal tinha preços elevados. A grande
mobilização teve resultado logo na manhã do dia seguinte. O problema foi
solucionado com o pagamento da bolsa universitária dos acadêmicos. É importante
frisar aqui que, em meio a tantas adversidades de ordem cultural e financeira,
havia principalmente uma dimensão psicológica. Em relação a isso, a acadêmica
Ana E. Terena, de 22 anos, relata sua saída da aldeia: “Lá na aldeia não temos tudo o que
queremos, mas o pouco que temos é o suficiente para nossa sobrevivência, pois
lá o vizinho planta mandioca, milho, abóbora, feijão e, na hora da colheita,
ele vai dividir com você. Eu não estava mal na aldeia, pois o ano todo era
tempo de plantar e colher. Agora, quando chego aqui, me deparo com essa
situação de ter de pagar aluguel, comprar alimento etc.. E se não temos
dinheiro, estamos mal, e quem vive bem?! Para você ter qualquer coisa tem que
ter dinheiro [...] Vai comprar um arroz, tem que pagar; um feijão, paga; um
pão, tem que pagar, tudo tem que pagar. É muito difícil a vida fora da aldeia.
É um choque quando temos que lidar com essas situações e, se pararmos para
pensar, os nossos pais não nos prepararam sequer para enfrentar essas
situações, porque eles não precisaram. Mas hoje, nós é que sofremos com isso.
Nada que não possa ser superado, quando um sonho está acima de tudo [...]
Estamos na luta. Quero terminar meus estudos, voltar para a minha aldeia e
ajudar a minha família e as lideranças”. A organização desses
universitários indígenas no meio urbano não foi diferente da qual eles vive na
aldeia, pois trouxe consigo o modo de viver da aldeia para a cidade, ou seja, a
mesma preocupação e solidariedade que um tinha com o outro (mesmo que não fosse
parente de sangue, e sim parentes por pertencerem a um mesmo povo), foi
fundamental naquele momento, considerado por eles o tempo mais difícil. Quando
esses estudantes se depararam com as situações de descaso, isso os fez repensar
e começar a valorizar mais sua aldeia, sua família, pois perceberam que fora da
aldeia existe outro modo de vida, que muitos anciões, adultos, adolescentes e
crianças desconhecem. Sendo assim, os estudantes indígenas têm o dever de
honrar seus compromissos e suas responsabilidades dentro da Universidade para
que saiam bem formados com a capacidade de competir e debater em qualquer
momento e em diferentes situações. O diferencial da maior parte dos acadêmicos
indígenas está no modo como irão assimilar essa nova maneira de viver para
superar os desafios, processo durante o qual muitos acabam por desistir por
medo de tentar, e aqueles que resistem, vivenciam todas as dificuldades e as
adversidades que o mundo universitário impõe, mas nada que não pode ser
superado. O Protagonismo dos egressos
indígenas nas suas aéreas de atuação. E de suma importância que os
indígenas se empodere do conhecimento adquirido nas universidades e aqui
mostrarei exemplos de profissionais indígenas atuantes em suas aldeias,
sobretudo daqueles que estejam assessorando o movimento indígena no estado de
Mato Grosso do Sul. Só será possível mencionar alguns deles, já que não existem
dados detalhados sobre o número de indígenas formados no estado de Mato Grosso
do Sul, desde a implantação das ações afirmativas. Na falta de dados mais
completos, quero deixar registradas as formas como muitos deles estão se
inserindo no trabalho após a graduação nas aéreas da educação, saúde, humanas.
A experiência das ações afirmativas tem sido um sucesso, porém temos que
considerar todo o caminho que passa o indígena universitário durante o período
de graduação, sobretudo as sérias dificuldades materiais, culturais, idioma
entre outras. Ao serem indagados se
conseguiram retornar às suas aldeias, a maioria deu respostas positivas, pois, além de trabalharem em suas áreas profissionais
dentro das aldeias, têm ido além do cumprimento da carga horária em seus
trabalhos e conseguido ajudar o cacique e todos os patrícios, assessorando-os
nas áreas da saúde, educação e território, por meio do conhecimento adquirido
nas graduações. A primeira leva
de formados nas Universidades de MS está o Guarani Kaiowá, Terena, Kadiwéu e maioria
dizem que não foi fácil e que muitas vezes pensaram em desistir por questões
financeiras, saúde, falta de adaptação, costumes diferentes e a questão língua.
Outra situação que fez com muitos não conseguisse terminar o curso em tempo
regular foi à complexidade que encontraram de assimilar os conteúdos, contudo concluíram
suas graduações e retornaram a suas aldeias de origem. No caso do terena tem
conseguido fazer um bom trabalho nas escolas e outras aéreas de formação, mais
quero aqui mostrar a atuação dos profissionais formados na aérea da educação,
exemplo dos professores que estão a fomentar nos jovens alunos do ensino médio
o anseio pela exposição científica como forma de capacitá-los para a pesquisa.
E ainda levando os alunos a se conscientizar com a situação dos rios e açudes
das aldeias, que estão secando, convocando alunos que quisessem participar do
trabalho de pesquisa e de recuperação dos mesmos. Com um grupo não muito
grande, tem conseguido trabalhar com os alunos. Temos exemplos de
profissionais graduado em física que não tem sido difícil sua inserção no
mercado de trabalho pelo fato da aérea necessitar de pessoas formadas na aérea.
O indígena formado nessa aérea tem percebido que as terras indígenas vêm
sofrendo modificações diretamente ligadas ao seu ambiente, o que está
contribuindo bastante para a transformação do modo de vida dos indígenas,
afetando especialmente a qualidade de vida dentro das aldeias. Assim,
preocupado com a situação atual, ele tem buscado realizar ações na comunidade
local, tais como revitalizar a cultura, bem como as tradições milenares que vêm
se perdendo ao longo dos anos. Dessa forma, acredita que esteja assumindo o
papel que a comunidade espera de todos aqueles que têm a possibilidade de
buscar algo melhor para a vida coletiva. Já as indígenas formadas nas
aéreas jurídicas tem o entrave maior dentro do estado de Mato Grosso do Sul
tendo em vista, que para este o trabalho tem sido árduo, pois ele vai tratar de
questões territoriais, demarcação de terras, lidarem diretamente com as
lideranças dos povos indígenas de MS, além de prestar assessoria ao Conselho
Aty Guasy Guarani Kaiowá e ao Conselho do Povo Terena, contribuindo com as
oficinas de direito nas aldeias indígenas de Mato Grosso do Sul. Segundo o advogado indígena
Luiz Eloy, desde a sua formação, seu compromisso é com o nosso povo e demais
povos indígenas do estado de Mato Grosso do Sul, motivo pelo qual infelizmente
muitas vezes sofre pressões vindas de todos os lados. Mesmo antes de se
formarem prestava assessoria, realizando oficinas sobre direitos indígenas e,
principalmente, levando pautas da agenda do movimento indígena a nível
nacional, tais como: a Proposta de Emenda/PEC 215, a transferência da
competência da União na demarcação das terras indígenas para o Congresso
Nacional, proposta esta que também possibilita a revisão das terras já
demarcadas; a Portaria 303 da AGU; o PL 1.610 que propõe regulamentar a
mineração em terras indígenas; o PLP 227/2012 que define “os bens de relevante
interesse público da União para fins de demarcação de Terras Indígenas”; além
do Estatuto do Índio; Convenção 169 da OIT, Decreto n. 1.775/96, que trata da
demarcação de terras indígenas, dentre outras oficinas que foram realizadas em
várias aldeias do estado. Em 2010, formou-se na aérea
de saúde a terena Zuleica, concluindo o curso no período previsto. Seu ingresso
ocorreu em 2007 no curso de Enfermagem. Durante o período da graduação, Zuleica
Terena morava com parentes em uma aldeia que fica a 10 km da Universidade. Em
busca de melhores condições de se deslocar para a universidade, no segundo ano,
resolveu mudar-se para a cidade, depois de seu irmão e dois tios terem passado
no vestibular da UEMS. Durante o período da graduação, Zuleica Terena conta que
se aproximou bastante dos jovens guarani-kaiowá, o que foi de grande
aprendizado para ela, que trabalhava com eles no projeto de extensão “O
adolescente conhecendo a si mesmo”, contribuindo com o jovem residente em
aldeias rodeadas de violência, álcool e principalmente drogas. Para ela foi uma
experiência gratificantes, pois pôde conscientizar os jovens indígenas a
respeito dos diversos problemas que as drogas causavam à sua própria saúde.
Zuleica Terena relata que sua maior dificuldade na graduação foi no início, por
ter que se adaptar àquele lugar novo, que julgava ser um universo diferente do
qual estava acostumada, em especial pela língua. Pensou em desistir, mas não o
fez por conta das boas notas obtidas e pelo apoio da família. No primeiro ano
de formação, a terena não retornou à sua aldeia, pois esperava uma oportunidade
para trabalhar na área de sua formação. Seu retorno à terra indígena se deu
após prestar o processo seletivo do Distrito
Sanitário Especial Indígena de MS (DSEI). Tendo tido êxito na prova, a
princípio foi trabalhar na TI Nioaque, aldeia da qual não fazia parte, porém
ficou feliz por estar ajudando os patrícios. Depois de algum tempo conseguiu
ser transferida para a Terra Indígena Taunay/Ipegue, local onde vive sua
família. Atuando profissionalmente há quatro anos, entende que o trabalho com
seu povo está sendo de muitos desafios e aprendizado. A seguir, algumas fotos
para mostrar seu trabalho dentro e fora da aldeia: Em 2016, ela pretende
encerrou seu vínculo empregatício e ir atrás de seu sonho maior que é ser
médica. Ao ser questionada sobre como as pessoas de sua comunidade a veem como
profissional indígena, ela diz: “a comunidade compreende que é necessário que
os jovens aproveitem seus estudos. Isso é uma segurança que as lideranças têm
com os jovens, a sua formação profissional. Assim podemos auxiliá-los e ajudar
o sistema dos purútuye, para
assegurar garantias e conhecimentos em relação aos serviços da saúde”. Percebe-se nitidamente nas
falas desses profissionais o compromisso que assumem quando do retorno à sua
terra indígena/TI para colocar em prática os conhecimentos adquiridos nas
universidades. Zuleica também está fazendo mestrado na área da saúde na
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, simultaneamente com seu emprego,
pois entende que a formação enquanto pesquisadora auxiliará na qualidade de
vida de seus patrícios, contribuindo para uma melhor utilização do saber
científico e do tradicional. Zuleica Terena é um dos
exemplos formado na aérea de saúde que tem aplicado seu conhecimento dentro das
aldeias indígenas de Mato Grosso do Sul, pois existem vários indígenas de
outros povos no estado que também tem contribuído para qualidade no atendimento
na aérea de saúde. Norma Floriano Terena,
também egressa da UEMS, formou-se em pedagogia. Não conseguiu concluir a
graduação no período regular devido a várias dificuldades, dentre as quais
julga como a mais séria o domínio da língua portuguesa, pois embora seja
falante da língua desde criança, percebeu existirem palavras que não faziam
parte de seu vocabulário. Ao longo de sua graduação,
os colegas de sala foram sensíveis, lhe ensinando o significado das palavras
que não conhecia. Contou que os anos de ensino médio foram um período difícil,
pois as aldeias da região não ofereciam esse segmento. Tinha então que se
deslocar todos os dias para o Distrito de Taunay, localizado a 15 km da aldeia,
pois somente ali havia escolas de nível médio, e assim pôde concluir a educação
básica. Em seguida, Norma Terena, mudou-se para Sidrolândia, cidade que fica a
134 km da aldeia, não para dar continuidade aos estudos, e sim à procura de
emprego. Conta que trabalhou um ano e meio na SEARA Alimentos S.A (empresa do
ramo alimentício) e, após ser demitida, teve que retornar à aldeia. Relata que
após seu retorno surgiu a oportunidade de prestar o vestibular na UEMS. No
período inicial, de adaptação, pensou em voltar para a aldeia, mas por não ter
o dinheiro da passagem não o fez. Devido às dependências nas disciplinas,
perdeu a bolsa concedida pelo governo. Para se manter e não ter que novamente
retornar à aldeia, foi à procura de trabalho, conseguindo se empregar na Creche
Recanto de Raízes, onde permaneceu até o término do curso. A formatura foi
celebrada com um grande almoço para o qual todos da aldeia foram convidados
para receber mais uma profissional indígena. No começo, ela não trabalhou em
sua aldeia de origem. Foi convidada para lecionar a língua materna em outra
aldeia, onde permaneceu por um ano. Após esse período, voltou para sua aldeia e
lá permanece até os dias atuais, lecionando no período vespertino. A profissional julga
importante sua formação, que a ajuda no incentivo da língua materna junto às
crianças. Argumenta que, por ser mulher, em outros tempos não poderia ter saído
da aldeia para estudar, mas isso foi superado, e onde vive a maioria dos
profissionais é constituída por mulheres, que têm conseguido fazer a diferença. Infelizmente, há egressos
indígenas que concluíram suas graduações e não conseguiram se inserir no
mercado de trabalho. Isto acontece muitas vezes porque as aldeias não estão
preparadas para receber os profissionais indígenas, na área em que se formaram,
e estes acabam por ter de trabalhar em outros ramos que não condizem com a sua
formação. Muitos desses egressos
relatam o apelo das lideranças para que retornem às suas aldeias após a
formação universitária, já que muitas delas têm grandes expectativas e planos
para o profissional indígena, mesmo que no fundo haja a incerteza quanto a se
haverá lugar ou espaços em que eles possam trabalhar. Ainda que este retorno
não ocorra, as lideranças sempre relembram a importância do saber que podem ser
aplicados pelos jovens na elaboração de projetos para captar recursos para a
aldeia na área da agricultura. Quero citar duas pessoas que
entrevistei e que estavam muito tristes por terem um diploma e estarem desempregadas.
Era uma tarde de sábado quando cheguei à casa da Amorim F Terena, 33, pois ela
mesma marcou esse horário numa tarde de muito sol. Enquanto conversávamos,
íamos tomando um bom tereré (bebida servida gelada com erva-mate). Assim, ela
me contava sua trajetória de vida com muitos detalhes. Formada em Licenciatura
em Ciências Sociais pela UFMS, antes de ingressar no ensino superior, ela
residia em Campo Grande e, desde muito nova, sempre trabalhou durante o dia e
estudou no período noturno. Aos 22 anos, retornou à aldeia com uma proposta de
emprego, mas sem nenhuma formação superior. Com apenas o ensino médio
concluído, lecionou no Movimento de
Alfabetização de Jovens e Adultos/MOVA e logo em seguida assumiu a Educação de
Jovens e Adultos/EJA do 6º ao 9º ano. Devido à cobrança por parte da
comunidade, precisou um curso superior para que pudesse continuar a dar aula. Foi assim que buscou o curso
específico para quem atuava como Professor Leigo e, então, surgiu à
oportunidade de ingressar no curso específico de Licenciatura Intercultural
“Povos do Pantanal”, oferecido pela Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul/UFMS. No momento da conversa, ela se emocionou muito ao relatar que, após
ter o diploma na mão, nunca mais conseguiu dar aula dentro de sua aldeia, e
ficou ainda mais decepcionada quando o próprio cacique lhe disse que “o diploma
iria fazer aniversário na gaveta” porque, se dependesse dele, ela nunca iria
dar aula em sua aldeia. Outra situação que a entristece, em suas palavras, “é o
fato de as pessoas falarem mal do curso em que eu me formei. Sempre escuto as
pessoas falarem que não somos capazes por que, ‘como uma pessoa que está
cursando o mesmo curso em ciências sociais vai adquirir o mesmo aprendizado de
outra que passa de quatro a cinco anos na Universidade? Esses sim saem
capacitados, e vêm vocês do Prolind que fazem o curso intercalado e três vezes
ao ano... vai conseguir aprender tudo que uma pessoa demora cinco anos para
estudar? E muitos não nos aceitam, de jeito nenhum em sala de aula, por isso
que a maioria do pessoal do Prolind está parada, ninguém quer nos pegar para
dar aula”. Em relação à inserção no
mercado de trabalho, ela justifica que isto depende muito da política dentro da
aldeia, pois, infelizmente, as políticas dos purutuyé estão fazendo parte de seu cotidiano. Ela acredita que por
se manter afastada dessas questões, tem sofrido essas perseguições. Quando
perguntei o que pretende fazer em relação a essa situação, a resposta foi
“infelizmente, não vou conseguir trabalhar aqui. Tenho que ir para a cidade,
arrumei um serviço numa lanchonete. Mesmo trabalhando de garçonete, nunca vou
desistir de dar aula porque estudei para isso”. Infelizmente, essa situação
está presente em várias aldeias do estado, e as lideranças, baseadas na “política
partidária”, muitas vezes impedem o profissional de retornar à sua aldeia de
origem. Não tendo opção, estes últimos migram para os centros urbanos à procura
de emprego e acabam se afastando das aldeias com um sentimento de revolta
contra o cacique e, pior de tudo, se afastando do movimento de seu povo. Situação parecida, mas não
idêntica à citada acima, é a de Nilziane F, 26 anos, Terena, formada em
Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul — pois não
envolve política, e sim falta de campo para atuar dentro da aldeia. No período
da graduação, ela morou na cidade, em uma casa alugada, e contava com o Vale
Universidade do governo do estado. Ela conta que, no período acadêmico, as
dificuldades foram às mesmas daquelas enfrentadas pela grande maioria:
transporte acadêmico; moradia; alimentação; materiais acadêmicos; e
principalmente, a discriminação, que era muito forte. Foram vários os momentos
em que ela pensou em desistir, muitas vezes pela carência afetiva, pela
dificuldade na aprendizagem, por falta de tempo para o estudo (“como meu curso
era integral e ainda trabalhava à noite, não me restava muito tempo para o
estudo”). Entretanto, com todas as dificuldades, conseguiu concluir seu curso
com êxito, retornando, em seguida, à sua aldeia de origem. A comunidade em
geral a vê como uma profissional competente e com muito potencial, mas
infelizmente as aldeias não estão preparadas para receber profissionais
formados nas áreas das engenharias, pois ainda não há demanda para suas competências
específicas. Ela relata que, embora tente prestar algum apoio, sempre é
barrada: “quando penso em algo para o benefício da aldeia, sempre é
dificultado, exemplo: algum projeto elaborado para a comunidade. O diálogo
existe, nem sempre com resultados positivos”. Entretanto, os casos não
param por aqui, os anteriormente citados só serviram como exemplos. Para muitos
profissionais, fica o questionamento: “voltar ou não voltar”? Tanto uma quanto
a outra opção pode ter várias consequências, pois o próprio povo pode entender
que o profissional não quis retornar à sua aldeia, muitas vezes os julgando sem
ter conhecimento da realidade dos fatos. Porém, os próprios profissionais
também têm conhecimento de colegas que não conseguiram empregos nas aldeias e
se deslocaram para as cidades, sendo mal remunerados e vivendo com enormes
dificuldades. São problemas que precisam
ser estudados e para os quais é preciso buscar alternativas para que esses
profissionais não acabem frustrados por não terem se inserido no mercado de
trabalho. Uma vez não conseguindo, não se sentem realizados, como na fala da
profissional Nilziane Terena: “Ainda há muito que contribuir.
Embora haja uma grande dificuldade em trabalhar na comunidade, não quero me
deslocar para a cidade, pois estudei pensando em aplicar meu aprendizado na
comunidade e, se não o fizer, será frustrante para eu não poder ajudar a minha
aldeia”. É preciso começar a rever
essa situação, pois o Mato Grosso do Sul é recorde na inserção dos povos
indígenas no ensino superior, é preciso pensar em como fazer para que ao saírem
das universidades com seus diplomas também consigam dar o retorno para as suas
comunidades, que criam expectativa na formação desses jovens. Não basta somente
o título de graduado: é preciso fazer com que, ou permitir que, essas pessoas
trabalhem com seu povo, o que, como mostrei, nem sempre depende delas. Considerações Finais Na presente pesquisa,
procurei enfatizar as dificuldades enfrentadas pela maioria dos acadêmicos
indígenas que ingressam nas universidades do estado de Mato Grosso do Sul,
ressaltando a importância das ações afirmativas e cotas como forma de reparar
um erro que vem ocorrendo há mais de 500 anos. Procurei mostrar a realidade que julguei
necessária, principalmente no tocante às particularidades da experiência de
cada indígena profissional enquanto acadêmico dentro das universidades de Mato
Grosso do Sul. Mostrei que apesar de todas as políticas públicas existentes,
ainda assim são insuficientes as medidas para atender às demandas desses patrícios. Importante notar que, apesar
de todo esse sofrimento, os indígenas viam nas suas graduações a oportunidade
de crescer e amadurecer, e assim iam descobrindo seu potencial para a
construção de seus sonhos, de maneira a transformar a situação em estímulos,
sabendo que iriam colher o fruto de seu próprio estudo, uns com mais audácia
que outros, no sentido de se entregar ao trabalho em favor do seu povo, como
visto nos exemplos acima. Aqui quero deixar exposto o que se fez
presente ao longo dessa pesquisa: as diferentes etapas vivenciadas pelos
universitários indígenas desde sua chegada à universidade, a permanência na
cidade durante os anos de graduação e, principalmente, o momento posterior à
formatura, etapas concluídas com sucesso por muitos deles. Trazer o exemplo de profissionais indígenas
atuando em sua aérea é uma forma de mostrar que toda essa política afirmativa e
de permanência tem sido de grande valia; e mais, que os patrícios a valorizam e dela tiram o maior proveito possível, dando
o melhor de si para saírem bem formados das universidades e poderem debater com
os demais a partir do seu aprendizado. Desta forma, tentei demonstrar, no
decorrer desse artigo, a realidade dos acadêmicos durante o período da
graduação, sua trajetória após a formação, tendo ou não se inserido em seu
campo de atuação e, principalmente, o retorno daqueles que optaram por voltar
às suas aldeias de origem, além da recepção destes pelos demais. Ao final, é
poder sonhar e ver seus sonhos realizados e que tal formação almejada não está
tão longe daquilo que os antepassados sonhavam para a juventude Terena, Guarani
Kaiowá, Guarani Ñhadeva, Kinikinau, Guató, Ofaiyé e para os demais povos
presentes no MS. O retorno de alguns
indígenas à sua aldeia, agora como profissionais, é um novo momento histórico
para os povos indígenas do estado de Mato Grosso do Sul, um resgate de cultura,
pois com a ida à universidade, eles passam a entender a importância de não
deixar que as tradições do seu povo se acabem. O valor que os profissionais
indígenas atribuem a cada patrício da
comunidade é extremamente relevante, cada qual exercendo sua função: o homem, o
cacique/liderança, o adolescente, as crianças, os professores e,
principalmente, as mulheres, que sempre foram, na história dos povos indígenas,
muito cuidadosas com seus afazeres do lar e, seguindo a tradição de Guardiãs de sua família, estão mais atuantes no movimento
indígena, frequentando as universidades. Elas são mais cautelosas nas suas
opiniões e decisões por se manterem mais distanciadas das políticas dos purutuyé desde o tempo da colonização,
podendo ser, penso eu, mais puras e sensatas nas tomadas de decisões. A busca dos jovens patrícios pelo ensino superior não é uma
forma de deixar de ser índio. Muito ao contrário, a busca pela universidade vem
como um novo instrumento de luta para se chegar à autonomia, na busca de
efetivação de todos os direitos afrontados nos dias atuais, e de se apropriar
de todos os conhecimentos para que nós venhamos a protagonizar e reescrever as
nossas próprias histórias sem esquecer suas raízes. Referências Bibliográficas AGUILERA URQUIZA, Antonio Hilário. Coleção estudos afirmativos, 1. Rede de
Saberes: políticas de ação afirmativa no ensino superior para indígenas no Mato
Grosso do Sul. André Lázaro; Laura Tavares (orgs.). Rio de Janeiro: FLACSO,
GEA ; UERJ, LPP, 2013, 86 p. ALMEIDA, Nina Paiva. Diversidade na Universidade: O BID e
as políticas educacionais de inclusão étnico-racial no Brasil. Dissertação
(Mestrado em Antropologia Social) Museu Nacional, Universidade do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2007. AMARAL, Wagner Roberto. As trajetórias dos estudantes indígenas nas
universidades estaduais do Paraná: sujeitos e pertencimentos. Tese
(Doutorado em Educação), Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2010. CORDEIRO, Maria José de Jesus Alves.
Sustentabilidade, educação escolar e formação de professores indígenas. Tellus,
ano 5, n. 8/9, p. 91-101, abr./out., 2005. ELOY, Amado, Luiz Henrique. Poké´ûti o território como direito fundamental
para etnodesenvolvimento local. Dissertação (Mestrado em desenvolvimento
local), Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande, 2013, 124 p. SOUZA, J. L. de. O Curso de Formação de
Professores Kadiwéu e Kinikinau: limites e avanços de uma experiência
pedagógica intercultural. In: Anais do
15o Congresso de Leitura do Brasil/ VI ELESI Encontro sobre Leitura e
Escrita em Sociedades Indígenas. Campinas, 2005. Mimeo. SOUZA LIMA, Antonio Carlos de. Educação superior de indígenas no
Brasil - sobre cotas e algo mais. In: André Augusto Brandão (org.), Cotas raciais no Brasil: a primeira
avaliação. Rio de Janeiro: DP&A Editora Ltda/LPP/UERJ, 2007, pp.
253-279. SOUZA LIMA, Antonio Carlos de. Cenários da
educação superior de indígenas no Brasil, 2004-2008: as bases e diálogos do
Projeto Trilhas do Conhecimento. In: A. C. de Souza Lima; M. Barroso Hoffmann
(orgs.), Povos Indígenas e Universidade no Brasil: contextos e perspectivas,
2004-2008. Rio de Janeiro: E-papers, 2013. SOUSA, N. M. A redução de Nuestra Señora de la fe no Itatim: entre a cruz e a espada
(1631-1654). Dissertação (Mestrado), Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul, Dourados, 2002. VARGAS, Vera Lúcia Ferreira. A construção do território terena
(1870-1966): uma sociedade entre imposição e a opção. Dissertação (Mestrado
em História), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, UFMS, Dourados, 2003. Recebido: 19/06/16 Aceito: 30/06/16
NOTAS [1]
http://gemaa.iesp.uerj.br/files/Levantamento_3%281%29.pdf, acesso em
31/01/2016. [2]
O Projeto Trilhas de Conhecimento - o ensino superior de indígenas no Brasil,
teve início em fevereiro de 2004, por meio de uma doação da Fundação Ford
através da Pathways to Higher Education Inititative.
O trabalho visa dar suporte ao etnodesenvolvimento dos povos indígenas no
Brasil, através de sua formação no ensino superior. Para tal O
Laboratório de Pesquisas em Etnicidade, Cultura e Desenvolvimento
(LACED) investiu em apoiar/financiar núcleos universitários que promovessem
iniciativas voltadas para a educação superior de indígenas. Mais informação no
Site: http://trilhasdeconhecimentos.etc.br/projeto/index.htm Acesso em:
25/01/2016. |
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