Zona de Impacto - ISSN 1982-9108 ANO 20 Vol. 2 - 2018 - julho/dezembro
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O trabalho e suas
implicações nos modos de
subjetivação: um olhar sobre indígenas que trabalham na cidade
Tamiris
Rayani Santos Barros[1] Resumo:
Roraima é o
estado brasileiro que, proporcionalmente, tem a maior população
indígena,
entretanto há hegemonicamente no estado uma representação dos indígenas
como
empecilhos ao desenvolvimento. Se essa é a representação corriqueira,
almejávamos,
na
contramão, ouvir o próprio indígena. A presente pesquisa buscou
refletir sobre
efeitos psicossociais do mundo do trabalho nos indígenas que moram em
comunidades situadas nas proximidades de Boa Vista, capital de Roraima,
e que
desenvolvem atividades produtivas nessa cidade. Buscamos, por meio de
entrevistas realizadas, compreender se para indígenas que transitam
entre dois
universos distintos (vida urbana e rural/ morar em comunidades e
trabalhar na
cidade) o trabalho tem a mesma centralidade e mesma função social que
há nas
sociedades capitalistas. A análise teve como lastro o método
materialista
histórico da psicologia social, dialogando com autores da antropologia
e da
sociologia, como Marx, Viveiros de Castro e Peter Spink. Como
resultado,
constatamos que os impactos psicossociais que o trabalho imprime em
seus modos
de vida e na comunidade dizem respeito à experiência de estarem
divididos entre
dois universos distintos, sendo que
o anseio
de virem
para a cidade é uma aposta e uma
cobrança, isto é: ir para a cidade representa adquirir
conhecimentos
presentes na vida urbana, como, por exemplo, fazer faculdade; no
entanto, após
adquirirem tais conhecimentos sentem a obrigação de voltar a morar
integralmente em suas comunidades, tendo de abandonar a vida na cidade.
Em relação aos valores sociais capitalistas, eles são
incorporados tanto quanto são negados, e no meio desses
lugares os
entrevistados
vão (re)constituindo-se e
reelaborando alguns de seus
dilemas e
planos. Palavras-Chave: vida urbana e vida rural, população indígena, trabalho, psicologia social, subjetividade.
Introdução É
sabido que desde
os primórdios de sua institucionalização como ciência, o trabalho é um
dos
campos que tem destaque na psicologia. Se ele (o trabalho) ocupa lugar
importante nas diversas ciências, não é diferente no tocante à
psicologia.
Todavia, tal como ressaltou Peter Spink (1996), a psicologia do
trabalho não se
constitui como um campo inquestionavelmente coeso, pautado em um
alicerce
teórico-conceitual que sustente suas práticas e que possibilite um
debate
crítico sobre os fenômenos relacionados ao mundo do trabalho como um
todo. Ao
contrário, caracteriza-se por diferentes práticas e discursos, os
quais, de
maneira geral, não dialogam entre si, não possuem referências comuns.
Trata-se
assim, de uma vertente fragmentada da psicologia. Para ilustrar, o
autor listou
uma série de práticas que compõem essa vertente, tais como: ergonomia,
análise
organizacional e institucional, seleção e treinamento, saúde do
trabalhador,
treinamento gerencial, organização do trabalho, orientação vocacional. Embora
na psicologia
(e demais correntes das ciências humanas e sociais) haja diversas
concepções
sobre esse campo, segundo Codo (2010), há duas perspectivas
marcadamente
diferentes que se sobressaem: uma que tem como finalidade a adequação
do humano
ao trabalho, em que pese descobrir mecanismos para
minimizar o conflito entre trabalho e capital, no
intuito de otimizar a produção, mostrando que há solidariedade entre
patrão(oa)/empregado(a); a outra, que compreende o humano
como sujeito
de sua história,
se articula a partir de uma
perspectiva crítica, delineada principalmente do ponto de vista do
trabalhador
e do contexto histórico-político do qual faz parte, busca revelar,
entre outros
aspectos, como a sociedade moderna, organizada a partir da precedência
e
sobreposição do capital ao trabalho, vem aprofundando processos de
alienação
social. Embora os estudos
realizados sobre
psicologia e saúde do trabalhador sejam recentes[1]
e referem-se mais propriamente ao período pós revolução industrial, não
desconsideramos os efeitos deletérios que o trabalho sob a égide da
escravização imprimiu nas populações que produziam as riquezas no
Brasil
Colonial e no Império: a população indígena e negra, esse foi um dos
motivos
pelos quais escolhemos indígenas para serem sujeitos de nossa pesquisa. Cumpre
mencionar
que, comumente, encontramos no senso comum e, por vezes, em alguns
escritos de
cunho cientifico a afirmativa de que “o trabalho provoca sofrimento”,
conforme
aponta Maria da Graça (1999) ao referir-se à atuação do psicólogo
organizacional
e/ou do trabalho, que reforça os objetivos da lógica de produção no
sentindo de
prever e controlar comportamentos humanos. Essa assertiva genérica
muitas vezes
é repetida automaticamente a partir daquilo que se mostra evidente - o
sofrimento provocado pelo trabalho – ignorando que não é o trabalho em
si que
provoca tal sofrimento, mas o contexto no qual ele é realizado. Ignorar
tais questionamentos
remete à um reducionismo que fecha janelas interpretativas de cunho
político, e
antes de chegar à conclusão sobre a causa de tal sofrimento deveríamos
analisar
o contexto neoliberal no qual o trabalho urbano está inserido, que
ainda é
permeado por associações de preguiça e ociosidade à forma de trabalhar
dos
indígenas, uma representação ideológica que tratamos nesta pesquisa. Para
desmistificar
essa ideologia constituída historicamente sobre a figura do indígena,
se faz
necessário apreender a historicidade perdida pelo viés ideológico.
Nesse
sentido, Pierre Clastres (1979), ao analisar sociabilidades comunais,
percebeu
que comumente
valorizavam a lógica comunitária no que dizia
respeito à organização do trabalho. Nelas, homens
e mulheres eram senhores (as) de seus afazeres: dominavam e
compreendiam as
diferentes fases do processo produtivo que, por sua vez, diferentemente
das
sociedades em que as atividades de produção visavam (visam) satisfazer
necessidades massificadas, nas quais o trabalho era (e é) alienado,
contabilizado e imposto. Nessas sociedades há um processo de
estratificação
social, portanto, há dominantes e dominados. Nesta
lógica de
dominação, os (as)
indígenas quando
capturados (as) e retirados(as)
de seus
modos de vida comunal, são desconsiderados (as) enquanto sujeitos
autônomos. No
período da colonização na América Latina houve a utilização e
exploração da mão
de obra indígena; conforme aponta Maria Regina de Almeida (2013), as
populações
indígenas foram indispensáveis ao projeto de colonização tanto na
América
hispânica quanto na portuguesa. A autora ressalta que o projeto
econômico que
estava delineado para algumas regiões era a proposta de altos lucros e
baixos
custos e, para esta exploração econômica do “Novo Mundo”, os povos
indígenas
eram os meios para se obter deles as terras, os alimentos e o trabalho
necessário aos seus empreendimentos coloniais. Na
Amazônia, já no
século XVIII , esse contexto não se diferiu, segundo Nádia Farage
(1992), a
preocupação em ocupar a região do Rio Branco devia-se ao fator de
extensão, de
seu valor como meio das incursões portuguesas à região, além da
política
oficial do Estado visando defender a Amazônia de possíveis invasões por
espanhóis, ingleses, holandeses e franceses, mas também sua importância
para o
mercado interno colonial como zona de suprimento de escravizados
indígenas e
sua posição estratégica de fronteira. A
Coroa portuguesa,
como aponta Jaci Guilherme Vieira (2014), investia nos aldeamentos como
uma
forma de demarcar suas fronteiras, passavam a fazer descimentos, isso
é,
deslocavam várias etnias de seus locais de origem de acordo com os
interesses
comerciais. Estabelecendo, dessa forma, uma lucrativa escravização em
massa e a
própria demarcação dos territórios, definindo, assim, os limites dos
seus
domínios. Não se
tinha preocupação com
as populações que já estavam ali vivendo. Nesse
período, conforme o referido autor, muitas das
povoações existentes foram completamente destruídas, a política
indigenista passava diretamente para as mãos do Estado metropolitano,
cuja
preocupação foi uma só: integrar o índio a sociedade luso-brasileira,
com o objetivo
de transformá-lo em súdito dos portugueses. À
vista disso, a
relação que se teve com os povos indígenas no contato com os brancos
foi de
desconsiderar
aqueles como os primeiros
habitantes e legítimos donos das terras, bem como seus modos de vida e
suas
relações com o trabalho, o qual era e é, mormente, de natureza
solidária. Via
de regra, os indígenas realizam
práticas
relacionadas ao artesanato, à caça, à pesca, ao cultivo da roça, à
extração de
bens da mata, não desempenham, de maneira geral, o trabalho na
sociedade
capitalista. Tendo
em vista a
contradição apontada – de que para o senso comum os povos indígenas
eram
representados como “preguiçosos”, mas que, de fato, figuravam como mão
de obra
indispensável para consolidar o projeto de colonização no Brasil – a
pesquisa de iniciação científica teve como temas centrais,
trabalho, população
indígena e deslocamento. Trata-se, evidentemente, de temáticas já
pesquisadas à
exaustão, por isso mesmo, e numa tentativa de realizar, em certo grau,
um
estudo inaugural, escolhi como entrevistados indígenas que desenvolvem
atividades na cidade e que moram em comunidades situadas nas
proximidades de
Boa Vista. Considerando
os
modos de subjetivação e sociabilidade desses sujeitos, suas percepções
sobre as
atividades produtivas que realizam, a pesquisa teve como problemáticas
saber
quais são os efeitos psicossociais do trabalho na vida dos
entrevistados,
entender se, para eles que transitam entre dois universos distintos
(vida
urbana e rural/ morar em comunidades e trabalhar na cidade), o trabalho
tem a
mesma centralidade e mesma função social que nas sociedades
capitalistas ou,
ainda, compreender se as relações que estabelecem com o trabalho têm
como base
um sistema de valor próprio ou não. Lembrando que Roraima é o Estado
brasileiro
que, proporcionalmente, tem a maior população indígena (IBGE, 2010) e é-o
Estado que detém o maior percentual de indígenas em
terras demarcadas (83,2%), de acordo com o Atlas Digital do Brasil
(IBGE,
2016). Por
fim, cabe um
esclarecimento de qual a
concepção de indígena será relatada neste trabalho, para isto, será
utilizado o
critério elaborado pela Fundação Nacional do Índio[2],
o
qual
considera o pertencimento étnico como constitutivo da identidade do
indígena,
isso é, são processos dinâmicos de construção individual e social. Esse
critério
adotado pela Fundação supracitada está amparado na Convenção 169 da OIT
sobre
Povos Indígenas e Tribais. Isto
posto, não é
apenas a autoidentificação que faz um indígena ser indígena, mas também
a
identificação feita pelos outros, especificamente pela própria
comunidade da
qual o sujeito considera-se pertencente. Nesse mesmo sentido, segundo
Viveiros
de Castro (2006), a indianidade é tautegórica, ela cria sua própria
referência,
no sentido em que índio não designa um indivíduo, mas especifica certo
tipo de
coletivo, portanto, o indígena não é apenas aquele de cocar de pena,
pintado de
urucum, com arco e flecha, que está na comunidade. Logo, “índio não é
qualquer
um que achar que é”, mas deve haver um laço histórico de pertencimento. Metodologia O
ponto de vista que guiou a análise dos dados foi fundamentado
no arcabouço do método do materialismo histórico,
orientado sobre o prisma do teórico Marx (1980) e da teórica Iray
Carone
(2001). A compreensão da categoria trabalho dentro dos modos de
produção do
mundo capitalista, segundo a referida autora, apoiada nos escritos de
Marx,
sugere que a sociedade é uma totalidade orgânica, dotada de leis
estruturais,
especificidades e solidariedade funcional entre as partes, como uma
totalidade
dotada de história, a qual está em constante transformação. A estrutura da
sociedade
para Marx depende das formas como os homens organizam a produção social
dos
bens, que engloba dois fatores básicos: as forças produtivas e as
relações de
produção. Organizada por um Estado capitalista, estas relações de
trabalho se
darão por meio da exploração por meio de ideologias que justificarão a
formação
da sociedade em classes sociais, ou seja, entre proprietários e não
proprietários dos meios de produção. Nesse sentido, a ideologia -
enquanto
“ilusão necessária à dominação de classes” visa garantir o
funcionamento da sociedade,
se apresentando travestida de uma falsa felicidade concatenada à lógica
de
mercado, em que o indivíduo associa sua identidade a uma suposta
inserção
social que só é possível a partir do consumo. Outros
conceitos permeiam a conceituação de trabalho nos
escritos de Marx, como a discussão em relação à alienação do
trabalhador em
relação à sua produção, a exploração do mesmo, a mais valia que é o
quanto se
trabalha de graça para os dos donos dos meios de produção lucrarem, e a
discussão que mais se aproxima do estudo em questão nesta pesquisa, que
é sobre
valor de uso e valor de troca das mercadorias produzidas. Para entender
isso
podemos pensar como na sociedade capitalista atribuímos valor de troca
às
coisas de uma forma muito distinta da lógica solidária presente nas
comunidades
indígenas, de forma que estes se tornam conceitos chave para a
compreensão dos
efeitos desse contraste de valores e dos processos de vinculação entre
os
indígenas que vêm para a cidade. Aos
entrevistados foi solicitado que falassem livremente
sobre suas experiências de trabalho. Esse foi o tema inicial da
conversa, a
qual teve também como guia temas como: - Local onde começaram
a trabalhar: na cidade ou na comunidade; -
Quais modalidades de trabalhos mais comumente acontecem dentro
e fora da comunidade; -
Diferenças sobre o trabalho que acontece atualmente no
interior da comunidade e aquele que é realizado por eles na cidade. A
fim de entender as principais dificuldades enfrentadas nas
e pelas comunidades indígenas de Roraima, notadamente sobre a questão
da terra
e do trabalho, e como apoio para o desenvolvimento da presente
pesquisa, foi
feito contato prévio com o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), um
organismo vinculado à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil)
que, em
sua atuação missionária, conferiu um novo sentido ao trabalho da Igreja
Católica junto aos povos indígenas, em defesa de suas causas, dentre
elas, a do
trabalho. Além disso, participei da 45° assembleia dos povos indígenas
de
Roraima, como representante do DCE - UFRR (Diretório Central dos
Estudantes da
Universidade Federal de Roraima), que teve como tema deste ano:
“Enquanto
houver insistência, haverá resistência – Não a PEC 215”, realizada no
centro
regional Lago Caracaranã, região da Raposa, Terra Indígena Raposa Serra
do Sol
(2016). Participar
dessas atividades foi importante porque retrataram
a temática da terra e do trabalho, questões trabalhadas na pesquisa e
muito
presente nas falas dos representantes indígenas, como disse um dos
Tuxauas, “nossa
terra é nossa mãe e sem terra não há trabalho”, ouvir isto e outras
questões
possibilitou o aguçamento sobre o perspectivismo desses grupos. Todas
essas questões, contatos e informações, compõem nosso
campo de pesquisa, já que, conforme sinalizou Spink (2003), o campo de
uma dada
pesquisa refere-se ao próprio argumento da investigação, não se trata
exclusivamente de um lugar físico, de um ambiente para se fazer
observações,
nem mesmo de um universo distante, separado, não relacionado com o
pesquisador.
Para ele, campo é o meio no qual estamos inseridos; argumento este que
têm
múltiplas faces e materialidades, que acontecem em muitos lugares
diferentes.
Os lugares – por exemplo uma aldeia de pesca – fazem parte do campo
tanto
quanto as conversas (SPINK, 2003 apud RIBEIRO,
2003, p. 11-12). E
ainda, Nada
acontece num vácuo; todas as conversas, todos os
eventos, mediados ou não, acontecem em lugares, em espaços e tempos, e
alguns
podem ser mais centrais ao campo-tema de que outros, mais acessíveis de
que
outros ou mais conhecidos de que outros. Algumas conversas acontecem em
filas
de ônibus, no balcão da padaria, nos corredores das universidades;
outras são
mediadas por jornais, revistas, rádio e televisão e outras por meio de
achados,
de documentos de arquivo e de artefatos, partes das conversas do tempo
longo
presentes nas histórias das ideias. Alguns até podem acontecer com hora
marcada, com blocos de anotações ou gravadores. Entretanto, esses
lugares não
são contextos; os blocos de anotações, os gravadores, o ônibus, a
padaria, a
universidade, os jornais, o rádio, os documentos, os achados e
artefatos são,
como materialidades, também partes das conversas (SPINK, 2003, p.12). Essa
pesquisa se inscreve na modalidade de pesquisa de campo
qualitativa e exploratória (GIL, 2010), já que, além de entrevistas,
fez parte
dos procedimentos observação participante e anotações em diário de
campo. Resultados
e
Discussão Na
presente pesquisa, tratamos de pessoas que vêm para a
cidade, mas também estão na comunidade, transitam entre dois universos
distintos (vida urbana e rural/ morar em comunidades e trabalhar na
cidade). Os
entrevistados foram três pessoas, sendo um do sexo
masculino e duas do sexo feminino, de idade entre vinte e trinta anos,
da etnia
Wapichana. Os
Wapichana, essa forma gráfica de conhecê-los é a que foi
utilizada pelo referido povo, são da família linguística Aruak, e são
considerados o segundo maior grupo étnico do Estado de Roraima e se
fazem
presentes de maneira considerável em Boa Vista, repartindo este
ambiente com os
Macuxi. Atualmente, existem 7.832 pessoas que se autodeclaram Wapichana
no
Estado, vivem na região de lavrado compreendendo a área que vai do Rio
Branco
ao Rio Rupununi (Funasa, 2010). Os
entrevistados moram em comunidades que ficam próximas a
Boa Vista e todos os dias vêm para a cidade para trabalhar. Darei nomes
fictícios a eles, são eles: Sol (2016), Raoni(2016) e Sônia (2016). Sol
(2016) é de uma comunidade que fica a quase 25 km de Boa
Vista, se apresentou como Wapichana, a mãe é Macuxi e seu pai é
Wapichana. É
concursada e, desde 2014, trabalha como cuidadora de crianças com
deficiência.
Relatou que vem para Boa Vista desde 2005, ano em que começou a cursar
economia
em uma faculdade de Boa Vista. Formou-se em economia em 2014. Raoni
(2016) é Wapichana de uma comunidade que fica a 130 km
de Boa Vista. Faz graduação em educação física no período noturno e tem
trabalhos temporários durante o dia para complementação da renda da
família.
Desde quando se casou, foi morar na comunidade de sua esposa,
localizada a
aproximadamente 60 km de Boa Vista, também Wapichana. Já desempenhou
diversos
trabalhos relacionados à área de eletricidade, mas o que relata com
prazer é o
que desempenha voluntariamente na comunidade como técnico de futsal. Sônia
(2016) é de uma comunidade que fica a aproximadamente a
40 km de Boa Vista, veio para a cidade para estudar, relatou a
dificuldade de
dar continuidade aos estudos na própria comunidade, pois lá a escola
formal só
vai até o ensino médio e se torna quase uma obrigação ir para a cidade,
cursa
faculdade voltada para estudos indígenas e recebe a bolsa do PNAS
(Política
Nacional de Assistência Estudantil) direcionada para alunos indígenas,
a qual
ajuda nas despesas, mas não é o suficiente, tendo assim que trabalhar
em
serviços informais para manter-se na cidade. Essas
pessoas foram essenciais para a pesquisa. Nas suas
descrições sobre as atividades que realizam trouxeram a concepção que
tinham
sobre o trabalho, bem como mencionaram acerca dos efeitos psicossociais
que o
trabalho que realizam imprime em suas vidas. Raoni
(2016), ao chegar à comunidade (após casamento), falou
que uma maneira de contribuir, e de certa forma ser aceito pela
comunidade, era
dispor-se a ajudar os jovens com uma atividade esportiva através de um
trabalho
voluntário e por ser ex-atleta poderia trabalhar com fundamentos
técnicos do
futsal. Disse: “eu sou ex-atleta e tudo o que eu aprendi eu passo pra
eles, não
é um trabalho voluntário que você chega dá a bola para eles e pronto,
não é
assim, tenho um trabalho com fundamentos.” (Raoni, 2016). Trouxe
a preocupação de ajudar, contribuir com a comunidade
de alguma forma: “No trabalho voluntário
não ganhamos nada em troca, mas auxiliamos de alguma forma a
comunidade, a
comunidade está vendo que você tem ajudado em alguma coisa.” (Raoni,
2016). Essa
é uma concepção e prática de trabalho que vai na
contramão dos modos de produção capitalista tal como definida por Marx
(1980),
pois, diferentemente do capitalismo, ela
diz respeito à troca, ao compartilhamento de
aprendizagem (ou seja, a
não competição), ao respeito e preocupação com outro. É possível dizer
que esse
seu olhar tem como fundamento os modos de vinculação e solidariedade
tão
costumeiramente presente entre os indígenas.
Inclusive, em sua comunidade trabalhos individuais
pouco ganham
reconhecimento. Em suas palavras: “quando
é para trabalhar junto, eles têm união, mas no individual não dar
certo.”
(Raoni, 2016). O
trabalho coletivo faz parte da organização da comunidade,
independentemente se a pessoa desenvolve outros trabalhos fora ou na
comunidade, é um trabalho em que todos participam, segundo ele: “Na comunidade toda sexta-feira tem o
trabalho comunitário, todo dia cinco do mês é sagrado há reunião
comunitária,
onde toda a comunidade participa independente se você é aluno, se você
trabalha
na cidade, se você é alguma autoridade.” (Raoni,
2016). O
entrevistado disse que o trabalho na roça comunitária é uma
forma de se colaborar com o coletivo, volta-se para o desenvolvimento
da
comunidade e, se o sujeito não cumprir com os regimentos e auxiliar o
grupo,
ele poderá sofrer uma punição ou até mesmo ser expulso da comunidade,
dependendo
do modo de gerir de cada uma.
Sol (2016),
antes de vir para a cidade, também trabalhava em projetos comunitários
promovidos pela escola de sua comunidade. Ela pretende voltar e
desenvolver
trabalhos referentes à agricultura. Disse: “a
parte relacionada à agricultura é o que eu quero, acho que vai
fortalecer mais
a comunidade”. Essa
prática não é apenas um meio de subsistência, é também
parte da cultura, tem papel fundamental para o desenvolvimento de
práticas
consideradas tradicionais. Entre eles há saberes cosmológicos que são
transmitidos ancestralmente sobre o manejo das plantas cultivadas.
Portanto,
entre eles há uma relação com a terra diferenciada daquela que ocorre
na
cidade. Como as práticas das atividades na roça estão imbricadas no
cotidiano
destas comunidades, envolvem todas as pessoas que lá habitam. Nas
palavras de
Raoni (2016): “No geral as famílias
trabalham na roça, mesmo os funcionários, como os professores, têm sua
roça e
eles plantam lá, as plantações são variadas, de mandioca ou macaxeira,
milho,
batata, é variado”. Ainda
acerca desse tema, o entrevistado falou da sua etnia
associando-a ao trabalho desempenhado na comunidade: “A
comunidade traz um aprendizado muito grande, o que adianta você ser
um wapichana, um macuxi, um yanomami, se você nunca foi lá rala uma
macaxeira,
fazer uma farinha, fazer caxiri, você sabe como as pessoas falam, mas
você já
colocou a mão na massa?” (Raoni, 2016). Portanto
nota-se a importância das atividades voltadas para a
relação com a terra, o trabalho é assim é uma atividade formadora do
homem, em
que este transforma a natureza ao seu redor e produz bens que são
frutos do seu
trabalho. Porém, no processo de transformação e assimilação do sistema
capitalista, essas relações vão modificando-se, é na apropriação
privada das
fontes de produção que se tem uma deformação em que o homem não se
reconhece
mais no que produz e as condições de trabalho não dependem do
trabalhador, mas
do proprietário, nas palavras de Sônia (2016), que trabalhou em um
restaurante,
isso se mostra evidente: “quando eu vim
pra cidade comecei a trabalhar, o trabalho aqui eu acho meio ruim,
trabalhar à
noite e ficar até uma hora da manhã é meio cansativo, eu não tinha nem
tempo
para dormi direito e muito menos descansar”.
Os
entrevistados cumprem uma dupla tarefa. Raoni (2016)
trabalha em demasia: trabalha como voluntário à noite, nos finais de
semana
realiza as atividades coletivas na comunidade e, durante o dia,
trabalhava na
cidade com “bicos”, que são os trabalhos provisórios e faz vários
rearranjos
para conseguir emprego. É obrigado a ir aprendendo e se adequando em
vários
lugares, já trabalhou em postos de gasolina, supermercado, frentista e
atualmente trabalha como eletricista. Teve de trabalhar desta forma
para
conseguir aumentar a renda e não ficar dependendo apenas do salário da
esposa –
que trabalha como professora seletivada na comunidade.
Não
por acaso, fala da falta de políticas
públicas voltadas para o desenvolvimento e possibilidades dentro da
comunidade,
diz ter tentado trabalhar em um projeto do governo para instrutor de
educação
física, porém não conseguiu ser aceito pelo programa.
Vê-se que,
divide-se entre dois universos distintos de trabalho: um solidário, o
que
ocorre na comunidade e não é remunerado, e outro pontual, fragmentado e
pouco
remunerado.
A economia
da comunidade, segundo ele, é a produção de farinha. Ela é a base
enconômica da
comunidade de Raoni (2016). Ela fornece vários derivados, como a
farinha
d´água, bolo, mingau, beiju, tapioca, etc. Embora lá se cultive alguns
produtos
e frutas regionais, ainda são insuficientes para toda a comunidade, e
muitas vezes
membros de lá têm de vir para Boa Vista para comprar algumas coisas que
não
conseguem produzir. Mesmo que haja custos e sacrifícios, a cidade
torna-se lugar
para suprir o que falta no meio rural do ponto de vista de bens
econômico e
educacional. Sobre isso relatou: “o forte
deles é a farinha, então não tem essa horta de melancia, de banana,
essas
outras frutas, galinha, não tem um projeto lá, tudo o que você come lá
é daqui
de Boa Vista e você tem que vir de lá, e você gasta para isso.” Raoni
(2016) busca na vinda para a cidade aprimoramento no
curso de educação física para depois voltar à comunidade e desenvolver
um
trabalho reconhecido formalmente e que posso ser da sua área de
interesse e
remunerado: “se eu me formar, eu posso
voltar pra lá mais capacitado.” ( Raoni, 2016). Logo,
nesse aspecto, esse trânsito de ir e vir é o que
garantirá a volta, ou ainda, que permitirá que a vinda para a cidade
seja de passagem,
datada. Há projeto de retorno. Alinhadas a esse mesmo propósito, Sol
(2016) e
Sônia (2016) relataram: “Os
Tuxauas e os
antigos lutaram que eram para os filhos poder voltar e ajudar sua
comunidade,
ai eu terminei e tenho que voltar para ajudar minha comunidade” (Sol,
2016). “Vou
fazer o TCC
(Trabalho de Conclusão de Curso) para aplicar lá na comunidade. Para
pode ter
um bom resultado, as pessoas esperam algo de nós, eles deram uma carta
a carta
da comunidade [...] A carta da comunidade ou a declaração do Tuxaua é
uma
aprovação para virmos, eles confiam na gente e, aos poucos, vão
entendendo, de
maneira geral eles nos apoiam” (Sônia, 2016). A
vinda para a cidade precisa de autorização (carta da
comunidade), o retorno é o esperado. Entre os Whapichanas, o
particular, aquilo
que se refere ao sujeito (desejo, planos...) é construído e
reconstruído por
algo que é coletivo. Relatou Raoni (2016): “Você
é formado para trabalhar lá na comunidade, na escola, ou como agente de
saúde,
se forma em enfermeiro ou técnico, tem as caixa d’água da CAER, eles
precisam
muito também, dai depende de você”. Sol
(2016) veio para a cidade para cursar o ensino superior,
no mesmo ano que terminou o curso, conseguiu aprovação no concurso
público,
esta possibilidade de trabalho fixo trouxe-lhe felicidade e também
algumas
inseguranças. A primeira delas refere-se ao seu deslocamento diária da
comunidade para a cidade, ainda que, segundo ela, esteja em certa
medida
acostumada, já que desde 2005 vive nesse trânsito, não deixa de ser uma
atividade penosa ter de todo dia pegar a estrada. Todavia, para além
desse
aspecto, há os processos de vinculação, os seus familiares e a
comunidade
cobram para que fique mais presente. A terceira problemática é
relacionada à
sua área de trabalho, pois seu emprego não está diretamente relacionado
à área
de formação. Ainda assim, gosta do que faz. O
trabalho dela como cuidadora em uma escola pública exige
que recicle sua formação, para incentivar e garantir um melhor
aprendizado ao
aluno com o qual trabalha. Diferentemente do trabalho que Raoni (2016)
realiza
na cidade, como é notório, o de Sol (2016) tem a marca da continuidade
e da
vinculação, em grande medida garantidas pela estabilidade do
funcionalismo
público. Ela mostrou fotos bem satisfeita de seu cotidiano profissional
e
relatou da vinculação que possui com as pessoas. Sente-se bem em
relação ao que
faz. Reconhece que tem um lugar importante para a instituição e para as
crianças cuidadas por ela. Em contrapartida (e por se identificar com o
trabalho realizado), vive aquele dilema apontado. É como se ela ficasse
em
falta com o seu povo que mora lá. Disse: “eu
gosto do trabalho aqui, mas eu já coloquei na minha cabeça, assim que
são três
anos de estágio probatório, então ano que vem eu faço os três anos, ai
eu tenho
que voltar.” (Sol (2016)). Essas
são frases que, para além da concepção de trabalho que
revelam e dos impactos
psicossociais que o
trabalho imprime em seus modos de vida e na comunidade, dizem respeito
ao
conflito referente à experiência que têm de estar divididos entre dois
universos distintos, sendo que o comunitário exige, por princípio,
compromisso
com o coletivo, o comum. Não corresponder a esse princípio de forma
integral,
já que parte do tempo deles é destinada às atividades na cidade, causa
certo
mal-estar, sensação de culpa. No
tocante à percepção que têm sobre o modo como são vistos
por aqueles que são de sua comunidade de origem, é crível considerar
que, ainda
que não seja revelado explicitamente pelos membros da comunidade, os
entrevistados percebem que a exigência que têm de voltar é, a um só
tempo, uma
cobrança e uma aposta na possibilidade de que a comunidade terá uma
retribuição
por ter permitido que eles viessem se qualificar na cidade. Essa
cobrança/esperança é um mal-estar e anseio deles também. Eles
se vêm como pessoas que tiveram a oportunidade de sair
para ir a busca de melhores condições, mas este sair não é deixar
completamente, é como uma capacitação que são quase impelidos a terem
para
melhores condições de vida. E quando falam em melhores condições, não
estão
falando no sentido individual apenas, mas, de maneira geral, falam de
melhores
condições para o coletivo; uma das entrevistadas disse: “eu
quero, e tenho vontade de ajudar meu povo tão guerreiro, e a
população está aumentando e precisamos de mais ajuda”. Então,
mantém-se, assim,
uma relação/vinculação com a comunidade. A
condição de transitoriedade deixará, pois, de existir
segundo seu anseio e, com ela, parte daquelas angústias, se houvesse a
garantia
de suas terras, os quais deveriam existir para a garantia de direitos
sócio-politico-culturais de um povo milenar. Ainda,
a vida em conjunto envolve, ou pode envolver, sensação
de falta de privacidade. Sobre isso Raoni (2016), que, diferentemente
das
outras entrevistadas passou a maior parte da vida na cidade, disse: “acho que uma comunidade é como uma vizinhança,
então tu tem uma vida vigiada dentro da comunidade”. É
preciso dar satisfação para o outro, o coletivo. Por outro
lado, o outro/a comunidade é obrigada a te receber e a reconhecer que
há
contribuição de cada um. Há lugar seguro para ficar. O coletivo
proporciona uma
situação de conforto, um lugar comum onde é possível viver de forma
digna, é
uma construção conjunta que garante a continuidade de existência de um
povo de
maneira presente, que articula maneiras diferentes de viver, ver,
sentir e agir
para se manter em meio às transformações: “se
você investe no seu trabalho aqui na cidade você tem todo o direito a
retorna a
comunidade, porque você é nascido lá, e já mostrou que foi criado e
trabalhou
na roça, então eles têm que entender que você ajudou”(Raoni, 2016).
Em todas as
entrevistas foi percebido alguns rearranjos que os entrevistados foram
obrigados a fazer por um determinado período, principalmente naqueles
de
trabalho temporário, nos quais se submetem a um sacrifício em prol de
um
projeto maior. Logo,
é possível dizer que, em relação aos valores sociais
capitalistas, eles são incorporados
por
eles tanto quanto são negados, uma vez que, vir para a cidade diz
respeito a
uma busca de condição econômica melhor e tem a ver com o processo
desenfreado da
globalização que empurra os valores capitalistas para alcançar novos
mercados,
novos consumidores, novas pessoas e, por outro lado, e como já
mencionado,
mantêm em suas práticas laborais um olhar que abarque os princípios
antagônicos
ao capitalismo, tais como o da solidariedade, cooperação e defesa pelos
interesses coletivos. Considerações
finais: O
estudo sobre a
temática do trabalho com os povos indígenas, entre o trânsito da vida
urbana e
rural possibilitou reflexões que dizem respeito às atividades laborais
e as
ressonâncias psíquicas trazidas pelos entrevistados, os quais trouxeram
dilemas
envolvendo a sua construção enquanto sujeito com o lugar de origem e
outro
recinto no qual desenvolvem atividades produtivas, e no meio desses
lugares
trazem sua constituição e vão reelaborando alguns dilemas e planos. É
necessário mais pesquisas na área que colaborem sobre a
temática, existem várias referências sobre a questão indígena e sobre o
mundo
do trabalho, no entanto a questão do trânsito entre a cidade e
comunidade ainda
é escassa. Estudar
a temática indígena foi um desafio prazeroso,
entender que a pesquisa vai muito além dos artigos e livros lidos, ela
nos diz
o quanto temos que de fato adentrar e conhecer a temática estudada,
sobretudo
no que tange a populações que passaram por opressão e exploração ao
longo de
séculos. Referências
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Notas
[1] Graduanda em Psicologia na
Universidade Federal de Roraima. E-mail: tamiris.rayane@yahoo.com.br
[1] A
psicologia moderna foi proposta no final do sec. XIX por Wilhelm Wundt
e
William James, torna-se assim, o projeto da psicologia cientifica como
objeto
de reflexão epistemológica, contribuindo segundo José Abib (2009) nos
estudos
sobre psicologia do trabalho. [2]
http://www.funai.gov.br/index.php/todos-ouvidoria/23-perguntas-frequentes/97-pergunta-3 Recebido 22/04/2018. Aceito para publicação 22/04/2018. |
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